quarta-feira, 5 de agosto de 2009

LENDAS: SANTA COMPAÑA E MOURA ENCANTADA

Vamos passar página com a política... Principiamos uma nova temática mais amena para ir conhecendo cousinhas de vagar: lendas.

A morte é uma temática presente na origem de muitas lendas da humanidade. O medo a morte, o alem, as ánimas em pena neste mundo, as religiões e as crenças, etc. todos esses elementos interrelacionam-se para dar as mais diversas mitologías nas diferente culturas. E nas culturas galego e portuguesa, o medo à morte traduz-se nas suas lendas mais populares: A Santa Companha e a Moura Encantada.


A Santa Companha é uma procissão de ánimas em pena e constitui uma das figuras mais reconhecidas das tradições galegas. Em calqueira caso, as versões que dela aparecem são variadas ao comprido da nossa geografia. Explica Vitor Vaqueiro na sua "Guía da Galiza Máxica" os aspectos múltiples:

Em quanto as interpretações, bem as ánimas que a compõem vêm do purgatorio e portanto não morreram em pecado mortal, ou bem a Companha é a comitiva de todos os devanceiros daquele que vai morrer e a quem a Visão vai visitar. Sobre a apariencia há ainda mais versões: desde quem vê nas ánimas uma ordem hierárquica, encabeçada por quem leva mais tempo soterrado, ou que vai encabeçado por um vivo; quem diz que a procissão discorre em silêncio, que vai acompanhada do são de uma campaínha, ou bem entoando ladaínhas envolta em poderosas luzes de tocha acesos; quem considera que os vivos podem chegar a ver o séquito nocturno, ou quem considera que só se podem sentir pelo cheiro a cera ou simplesmente como uma presença -aspecto este último que emparenta com outra procissão, a das Xans, das que falaremos num intre. E outros aspectos são as horas de aparecimento, cómo evitar ser atrapado pela comitiva, as diferentes razões pelas que a Companha pode ir trás de um vivo, o modo de ficar atrapado, etc.

Assim, não extraña que o nome que receba a Santa Companha seja múltiplo nas diferentes vilas: Estadea (nome que emparenta com as tradições centro-européias), Antaruxada, As da noite, Hoste, Hostilla, Tela, Procissão das ánimas, Visão, Visita, etc.

Um dos nomes que recebe é também o das Xans ou Sociedade o Óso. Mais em muitos lugares diferencianse da primeira em que os membros das Xans não são morridos, senon vivos, que marcham numa procissão nocturna em duas filas levando um cadaleito. Esta figura emparenta com as xanas em Astúrias, e as lendas da Moura Encantada em Portugal, já que lhes considera Cavaleiros de Diana.

Moura Encantada. Fonte: www.revistadadanca.com/node/91


As xanas representam às ninfas das fontes, formosas de cabelo louro que pentean com pentes de ouro às beiras do rio. Parece contrastado que a palavra deriva de Diana, deusa da mitoloxía clássica que na Idade Meia se tinha por rainha das bruxas, que desenterraban os mortos e utilizavam os ossos como flautas no aquelarre, emparentando aqui com as Sociedades dos Ósos das que falávamos antes.

Em Portugal, esta figura mística derivou na Moura Encantada: principal figura no imaxinario português que se repete em múltiplas vilas da sua geografia (já que ganha relevancia que o avanço da reconquista), são "as almas de donzelas que foram deixadas a guardar os tesouros que os mouros encantados esconderam antes de partirem para a mourama. Aparecem frequentemente cantando e penteando os seus longos cabelos, louros como o ouro ou negros como a noite, com um pente de ouro, e prometem tesouros a quem as libertar do encanto", como as Xanas asturianas.

Chama poderosamente o atendimento que se considera que a palavra "moura" pode derivar de outras línguas prerromanas com os significados "destino", "morte" ou "espírito" (do grego e línguas celtas), sendo finalmente aplicada na mitología portuguesa às donzelas "mouras" durante a Reconquista.

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