domingo, 4 de julho de 2010

MARCHA LENTA ATÉ SETEMBRO

Internet é um esporte de inverno. Talvez não tanto, mas não se dá muito bem o vrao.

Eu depois de mais de um ano seguido também vou pedindo uma paradinha, assim que durante um par de meses não publicar, ou no máximo talvez não mais do que para fazer algum apontamento interessante.

Como por exemplo, no artigo de hoje em Xornal no que o pai de Manu Chao diz: "É curioso, entrei na Rádio France porque falava galego. Num anúncio pediam um colaborador que soubesse espanhol, português e música, para ser ilustrador sonoro das emissões. Ao falar bem o galego disse que era português, e entrei sem problemas".

Parece muito a minha história pessoal que já contei aqui, e que espera, com coisas como esta, vaiamos perdendo o nosso habitual complexo de inferioridade.

Até Setembro.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

CONVERSA CON VALENTIM FAGIM (2)

(Segunda parte da nosa conversa có presidente da AGAL. Podes ler a primeira parte da entrevista premendo aqui)

CARVALHO CALERO

C: 2010 é o centenario do nacemento do primeiro Catedrático de Língua e Literatura galegas. Era este ó ano idóneo no que lle tiña que ser concedida á súa figura o Día das Letras Galegas?

F: Sem dúvida, sim.

C: E a que atribúes a negativa da Real Academia Galega?

F: Segundo Ferrín porque havia vinte pessoas mais para esse posto (risos). Nom sei se lestes umha entrevista que lhe fizérom em Tempos Novos, fizérom-lhe essa pergunta e ele comentava que como Carvalho Calero havia vinte mais. Segundo Ferrín é por isso, porque nom destaca bastante. Essa é a resposta oficial (risos).

C: E ti que pensas realmente por que é...

F: (risos) Nom, o que acontece é que é mui incómodo para eles. Ai tem que primar a valentia ou a covardia, e eu penso que primou a covardia. É dizer, 'como fazemos para dedicar um ano a umha pessoa que questiona o que nós defendemos?'. Mas a valentia precisamente é isso, ser capaz de dedicar um ano a essa pessoa, isso seria espetacular, falaria mui bem deles. Mas claro, isso nom todo o mundo é capaz de fazê-lo.

C: E que actividades estades a desenvolver vós para reivindicar a figura de Carvalho?

F: Entre vários coletivos criamos um site (carvalhocalero2010.net) onde estám os áudios, os videos, um par de entrevistas, um debate que saiu na TVG no ano 87 que é mui recomendável, um debate entre ele e Constantino Garcia que é espectacular. Tendes que vê-lo, porque ai vê-se realmente qual é a visom que cada um tem da lingua e até onde podemos chegar com cada umha dessas visons.




Na AGAL estamos fazendo um projeto com o site komunikando, de música em galego. Um concurso que se vai chamar 'musicar Carvalho Calero', e que se trata de que os grupos apanhem um poema de Carvalho, ou um áudio e o transformem num sampler e fagam umha música. O dia 30 de outubro, que é o aniversário do seu nascimento, daremos a conhecer os ganhadores. É umha forma de demostrar que Carvalho Calero era umha pessoa moderna na sua ideia do galego no mundo, entom fazer o mesmo com a música.

E temos também umha campanha surpresa, mas como é surpresa, nom podemos comentar mais...


O ENSINO DE PORTUGUÉS NA GALIZA

C: Esta pregunta case cha tiña que ter feito ó principio da conversa, pero bueno, velai vai:
'galego e portugués son a mesma lingua?'.

F: De um ponto de vista social se galego e português fossem a mesma língua, a AGAL nom teria sentido que existisse. E se galego e castelhano fossem línguas diferentes, as equipas de normalizaçom lingüística nom teriam nengum sentido. Entom, a AGAL e as equipas de normalizaçom lingüística existem porque na Galiza há um conflito: que a nossa língua está sendo substituída polo castelhano, isto é um facto, e está-se misturando cada vez mais com o castelhano.

Por isso, de um ponto de vista social, galego e português nom som a mesma língua, por isso existe a AGAL, e o galego é um dialeto social do castelhano, por isso existem as equipas de normalizaçom, e a Mesa, etc.

E nós pensamos que isso é mau. É dizer, o facto de que a identidade da nossa língua esteja em questom é mau. E o facto de que as variedades do Portugal, do Brasil e de Angola sejam estrangeiras para nós, nom lhe vejo nengum tipo de beneficio. Se alguem mo pode explicar... Eu levo vinte anos lendo sobre isto, e ainda nom atopei umha razom pola qual para um galego é bom que o português seja umha língua estrangeira, que os brasileiros falem umha língua estrangeira.

C: Como explicas que despois de 30 anos de autonomía sigamos sen ensino obrigatorio de portugués?

F: É mais, como explicas que numa palestra que fizem há pouco numa faculdade, para uns 100 rapazes de 20 - 25 anos, onde preguntei "quantos de vós tivestedes um professor ou professora que vos mostrasse que graças ao galego chegades ao português?", só onze pessoas levantassem a mao. Isso é patético. Ai há umha responsabilidade global, dos professores de galego mas também das pessoas que decidem os planos de estudo. Mesmo que defendam que som línguas diferentes, pois bem, que o defendam. Mas nom feches essa porta às pessoas.

Na Galiza temos umha vantagem competitiva, e parece como que se esconde. Ja nom é questom de que nom tenhamos ensino de português, que já é incrível, mas é que a geraçons e geraçons de estudantes nom se mostra que graças ao galego podem chegar ao português.

C: Eu nom me decatei realmente ata que me pasou o que comentei no blog, e que vós publicastes despois no PGL, cando fun primeiro a unha entrevista de traballo en Luxemburgo e logo quixen estudar portugués en Madrid. Entón pensei... manda carallo!! Está un banco español gastándose moreas de cartos para que os seus directivos estuden portugués, e a min dinme "tú no, que xa sabes de máis". I eu nunca estudara portugués!!

D: Enlazando unha cousa coa outra, ainda que defendas que son linguas diferentes, non peches a esa perspectiva. É o que se fai en Luxemburgo, para eles son línguas diferentes luxemburgués e alemán, pero estudan ambas.

C: Eu polo que falei con eles, os luxemburgueses teñen claro que son "a mesma lingua". Entre comillas porque cada unha ten a sua normativa e tal. Pero teñen unha visión do tema que moitas veces lle comento á xente cando falamos de reintegracionismo: tampouco pensemos, sobre todo os reintegracionistas, que aínda que ó final a xente se acabe concienciando de que temos un idioma de 300 millóns de falantes no mundo, sabendo iso digamos
"e ainda así, prefiro manter para o galego a norma oficial". Que é o que fan en Luxemburgo. Por iso a loita do reintegracionismo, penso eu, non debe estar nesta ou noutra norma, senón en abrir a xente á perspectiva internacional da nosa lingua.

F: Ai está.

C: En Luxemburgo son plenamente conscientes de que a súa língua é o alemán tras unha serie de alteracións históricas. Pero sendo un país independente reivindican ter a súa propia norma como para dicir "este é o noso idioma". Pero eso si, non teñen xornais en luxemburgués, porque non ten sentido. Ninguén vai financiar un medio que vai chegar a cen mil persoas, cando esas mesmas persoas xa son plenamente competentes en alemán. Alí a xente lé os xornais alemáns, simplemente.


Caralladas dando a brasa. Que o entrevistado é Fagim, contra!!
Fonte propia.


Entón aqui podemos chegar á conclusión de decir "reivindicamos que temos unha norma galega, distinta da portuguesa"; ou o contrario, que son a mesma, iso que o decida a sociedade. Pero o que non pode ser é que os galegos non coñezamos a norma portuguesa, que nos vai abrir moitas máis portas que o galego oficial.

F: Sim, é como dizedes vós. É dizer, apesar de que os nossos argumentos eu penso que som mui bons, mesmo assim é certo que há pessoas que nom querem, que dizem 'sim, o português é mui útil, mas eu quero umha língua só para os galegos'. A mim isso parece-me legítimo. Ora bem, imos buscar a forma de que os que nom temos esse esquema podamos estar cómodos. Eu nom vejo a necessidade de que desapareça o galego ILG, porque é certo que contenta umha parte da povoaçom galega.

D: Hai moreas de sistemas lingüísticos e gráficos no mundo onde para esas línguas se empregan paralelamente varios sistemas, e incluso varios alfabetos. Por exemplo o tártaro, as linguas túrquicas, os diferentes sistemas de escritura que teñen no chinés, no xaponés, etc. Non deberia haber problema en recoñecer por exemplo a normativa ILG como o 'galego popular', por exemplo.

F: Sim, eu penso que isso hoje em dia nom seria complicado de fazer. O tema é meter o português a um nível paralelo, para que tenha um reconhecimento oficial na Galiza. Isso é o mais complicado, mas fazendo isso, ganhávamos todos.


NOSQUEDAPORTUGAL

C: Como sabes, o meu blog -entre outros temas- trata un pouco de abrir os galegos ó universo lusófono, principalmente Portugal e Brasil. Entón sempre inclúo algunhas preguntas sobre Portugal e Brasil nas conversas, aínda que neste caso son máis acaídas que nunca.
Entón... qué significou Portugal na vida de Valentim Fagim?

F: Como a quase todos nós, o que nos chama a atençom de Portugal é que é um sítio onde a nossa língua é normal. É o facto de estar num café, e pedir "um copo de leite morno" e nom ter que escuitar "y morno qué es eso?". Ou os livros, o tema dos livros é fascinante. Vás a qualquer livraria à procura dum autor estrangeiro na tua língua e tés cinco, procuras na Galiza e nom há.

Portugal é Galiza com êxito. No fundo é isso.

C: E que referentes da cultura portuguesa nos podes aconsellar? En calquer campo, literatura, cinema...


F: Bom, eu certamente som mais pro-brasileiro. Portugal está ai ao lado e permite um trato humano, mas o que realmente me fascina é Brasil

C: Xusto Brasil ía ser a seguinte pregunta, así que podes dicir o mesmo pero do Brasil
.

F: Eu do Brasil recomendaria evidentemente a música. Recomendaria um site, cotonete, um site tipo spotify onde ti crias a tua própria radio. Vás alí e pos 'Os Mutantes', que é um dos grupos brasileiros de que mais gosto. Entom o site crea umha emissora onde saem músicas parecidas. Eu recomendo para descobrir a imensa riqueza da música brasileira.

C: Brasil é algo ó que hoxe temos aceso grazas ás novas tecnoloxías...


F: Um dos últimos sócios que fizemos para a AGAL chama-se Jesus e tem 24 anos. Com ele vás vendo como vai mudando o esquema, porque lhe pregunto que música escuita, e mete-me aí 20 grupos brasileiros que eu alguns deles nem os conheço. Se um rapaz de 24 anos já está ainda mas à última que eu, que já estou à 'super-última', diz tu caralho!!

Graças à internet, as fronteiras caem, e o mundo fai-se muito mais pequeno. E podes ter amigos alá sem os ter diante. Mas comunicas, isso é o realmente importante. Duas variantes som umha mesma língua se pode haver comunicaçom. O galego e o português vam ser a mesma língua quando os galegos comuniquemos com certo hábito com portugueses e com brasileiros.


ACTUALIDADE

C: Moi ben, pois chegamos á última parte, e esta si é a máis política de todas...


F: Mui bem! (risos)

C: Como ves a batalla contra a lingua do goberno actual?

F: As línguas ou som umha oportunidade, ou som umha ameaça. E para este governo, o galego é umha ameaça. Este governo vê o facto de termos duas línguas como algo negativo, nom como algo positivo. Eu penso que Fraga nom era muito diferente, mas Fraga era mais inteligente e dissimulava um pouco mais. Hoje dissimula-se menos, e mesmo o governo Feijoo sente que tem mais apoio social para isso.

Realmente é umha imensa lástima, porque é o que falávamos antes: a nossa vantagem competitiva, o único que nos fai diferentes, já nom dum tipo de Múrcia, mas dum tipo de Portugal ou da Holanda, é isso: que sabemos espanhol, e temos o português a umha distância mui pequena. O lógico seria que o governo reduzisse essa distáncia, mas nesse sentido nom fai absolutamente nada, e por cima vai tirando todos os avanços que havia. Estám tentando tornar o galego nalgo inútil. E o inútil deixa de existir.

C: E cres que o galego está mellor ou peor que hai trinta anos?

F: A resposta é a típica. Qualitativamente melhor, quantitativamente muito pior. O tema é se umha cousa compensa a outra. Hoje em dia de cada 100 nenos que nascem, pode andar por volta de 10 que som educados em galego. Isso é moi pouco. Vivemos numa pequena fantasia, há muitos velhos que falam galego, mas de aqui a quarenta anos esses que nascem agora som 10%, pode que menos inclusive, porque podem perdê-lo ao longo da sua vida.

Entom, com cifras assim, nom dá.

Agora bem, se essa comunidade galego-falante fosse coesa, e fosse poderosa, e com o tema do português poderia ser poderosa, entom ai haveria algum tipo de esperança.

Dito doutro jeito: se conseguimos um esquema onde ser bilíngue espanhol-português fosse umha vantagem social, entom temos hipóteses. Se aos galegofalantes começa a lhes ir bem por conhecer o português, e chega o dia em que ser monolíngue em espanhol seja visto como algo pobre, se conseguimos isso teremos avançado bastante. Mas hoje em dia é ao revés, hoje em dia ser bilíngue é um problema.

Temos que lhe dar volta a isso.

C: E que medidas podemos tomar, todos, non só os gobernos, mais a pé de rúa, para revitalizar o galego?

F: Essa pregunta é super ampla. Pensando nos galegofalantes, eu o que lhes comentaria é tentade criar redes sociais que nos reforcem e nos apoiemos uns aos outros. Redes sociais de todo o tipo: lúdicas, profissionais, etc. Por exemplo, sei que a Mesa está a trabalhar num projeto duma lista de empresas que usam o galego. Eu por exemplo vivo em Santiago, e corto o cabelo cada mês e meio. Há umha moreia de sitios onde cortar o cabelo, mas eu sei que há um que tem todo em galego, chama-se Anil e entom eu vou a essa gente. Isso é rede social. Essa gente fica-me um pouco longe, a quinze minutos de aqui, e tenho outros sítios onde ir a dous minutos, mas tenhem todo em castelhano.

Temos que reforzar-nos uns aos outros, é quase como o movimento gai ou os judeus. Reforçar-se, criar lobby. Vistedes 'Milk', umha película dum activista gai que tem um dia umha ideia: vai a todas as tendas de um bairro de Sam Francisco e pregunta "nesta tenda ides tratar bem os gais?", e fai umha lista com os responde afirmativamente, e umha outra cos que nom. E vai onde os gais e di-lhes "esta é a lista boa". Em 5 anos as tendas que nom tratam bem os gais vam fechando, e as que sim, sobem.

Com o galego temos que fazer igual. O facto de que umha empresa queira usar o galego hoje tem um certo risco. A gente nom quer arriscar, ou nom quer aparecer como nacionalista. Entom a comunidade galegofalante temos que apoiar isso. E a forma de apoiar é saber que empresas e autónomos usam o galego em cada cidade. É algo super simples de fazer e é super poderoso.

GalegoLab. Fonte: galegolab.org


E aqui meto unha cuña publicitaria: graças a idea de Valentim Fagim propuxen en GalegoLab a idea 'selo de calidade GalegoLab', para ir elaborando unha lista de comercios e empresas que utilicen o galego con normalidade. Empresas ou comercios que destacan polo seu uso habitual da língua, creándose un 'selo de calidade GalegoLab' que se colocaría á entrada dos establecementos correspondentes como recoñecemento á súa colaboración, cos obxectivos de potenciar o uso do galego a nivel empresarial e comercial; que os que defendemos o galego teñamos un 'selo de garantía' recoñecido por todos dos comercios e empresas que usan o galego con normalidade, de xeito que poidamos discriminar positivamente aqueles que o fan; para os comercios sería un xeito de potenciar positivamente a súa imaxe entre os consumidores; e a visualización do selo á entrada do comercio facilitaría ao usuario o recoñecemento de xeito inmediato.

Se vos gusta a idea, dádevos de alta en GalegoLab e colaborade cós nosos proxectos.


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E ata aqui chegou a nosa conversa con Valentim. Nin sequera houbo unha despedida formal da nosa conversa porque, apagada a gravadora, continuamos a desfrutar da nosa charla e do chá ó que nos convidou.

Moitas grazas Valentim, e serva esta conversa como ponte para todos os que defendemos a nosa língua, "seja na norma que sexa".