A epopeia portuguesa por excelência, Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, foi publicada em 1572 e constitui a maior obra da literatura clássica portuguesa.
Narra em forma de poema, a descoberta da via marítima para a Índia por Vasco da Gama, que arranca assim:
1 As armas e os Baró assinalados
Que da Ocidental Praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometeram a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
2 E também as memórias Gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras vicioso
Da África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valoroso
Se vão da lei da morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o Engenho e arte.
3 Cessem do sábio grego e do troiano
As Navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Que da Ocidental Praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometeram a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
2 E também as memórias Gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras vicioso
Da África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valoroso
Se vão da lei da morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o Engenho e arte.
3 Cessem do sábio grego e do troiano
As Navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Camões defende que um povo como o português é capaz de conseguir tal façanha, é assim porque a história do povo português é a história de um povo glorioso. Assim, Os Lusíadas se converte em uma obra através da qual podemos conhecer muito da história de Portugal, de Luso a Viriato, Afonso Henriques e do nascimento da nação portuguesa, as batalhas de Ourique e Aljubarrota, e da expansão marítima de Portugal, da qual Vasco da Gama é o seu maior expoente.
Mas se há um episódio da história de Portugal cantado milhares de vezes, que constitui um dos versos mais reconhecidos de Os Lusíadas, e que está também intimamente relacionada com a história de Portugal e as tentativas de sua nobleza por se integrar em Portugal durante o século XIV , é a trágica história de Inês de Castro.
Mas se há um episódio da história de Portugal cantado milhares de vezes, que constitui um dos versos mais reconhecidos de Os Lusíadas, e que está também intimamente relacionada com a história de Portugal e as tentativas de sua nobleza por se integrar em Portugal durante o século XIV , é a trágica história de Inês de Castro.
Este é um extracto da tragédia de Inês de Castro contada por Camões:
120 «Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saüdosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
121 «Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.
122 «De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas
Quando um gesto suave te sujeita.
Vendo estas namoradas estranhezas,
O velho pai sesudo, que respeita
O murmurar do povo e a fantasia
Do filho, que casar-se não queria,
123 «Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo co sangue só da morte indina
Matar do firme amor o fogo aceso.
Que furor consentiu que a espada fina
Que pôde sustentar o grande peso
Do furor Mauro, fosse alevantada
Contra ũa fraca dama delicada?
124 «Traziam-a os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saüdade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava,
......
132 «Tais contra Inês os brutos matadores,
No colo de alabastro, que sustinha
As obras com que Amor matou de amores
Aquele que despois a fez Rainha,
As espadas banhando, e as brancas flores,
Que ela dos olhos seus regadas tinha,
Se encarniçavam, férvidos e irosos,
No futuro castigo não cuidosos.
133 «Bem puderas, ó Sol, da vista destes,
Teus raios apartar aquele dia,
Como da seva mesa de Tiestes,
Quando os filhos por mão de Atreu comia!
Vós, ó côncavos vales, que pudestes
A voz extrema ouvir da boca fria,
O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,
Por muito grande espaço repetistes!
134 «Assi como a bonina, que cortada
Antes do tempo foi, cândida e bela,
Sendo das mãos lacivas maltratada
Da minina que a trouxe na capela,
O cheiro traz perdido e a cor murchada:
Tal está, morta, a pálida donzela,
Secas do rosto as rosas e perdida
A branca e viva cor, co a doce vida.
135 «As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que inda dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
Que lágrimas são a água e o nome Amores!
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saüdosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
121 «Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.
122 «De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas
Quando um gesto suave te sujeita.
Vendo estas namoradas estranhezas,
O velho pai sesudo, que respeita
O murmurar do povo e a fantasia
Do filho, que casar-se não queria,
123 «Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo co sangue só da morte indina
Matar do firme amor o fogo aceso.
Que furor consentiu que a espada fina
Que pôde sustentar o grande peso
Do furor Mauro, fosse alevantada
Contra ũa fraca dama delicada?
124 «Traziam-a os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saüdade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava,
......
132 «Tais contra Inês os brutos matadores,
No colo de alabastro, que sustinha
As obras com que Amor matou de amores
Aquele que despois a fez Rainha,
As espadas banhando, e as brancas flores,
Que ela dos olhos seus regadas tinha,
Se encarniçavam, férvidos e irosos,
No futuro castigo não cuidosos.
133 «Bem puderas, ó Sol, da vista destes,
Teus raios apartar aquele dia,
Como da seva mesa de Tiestes,
Quando os filhos por mão de Atreu comia!
Vós, ó côncavos vales, que pudestes
A voz extrema ouvir da boca fria,
O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,
Por muito grande espaço repetistes!
134 «Assi como a bonina, que cortada
Antes do tempo foi, cândida e bela,
Sendo das mãos lacivas maltratada
Da minina que a trouxe na capela,
O cheiro traz perdido e a cor murchada:
Tal está, morta, a pálida donzela,
Secas do rosto as rosas e perdida
A branca e viva cor, co a doce vida.
135 «As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que inda dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
Que lágrimas são a água e o nome Amores!
De Inês de Castro falaremos próximamente quando reinicie os artigos 'La Coruña de toda la vida' sobre a história de Portugal nos séculos XIV e XV. Quanto a Camões e sua literatura, tendes à vossa disposição Os Lusíadas, integralmente, no site do Instituto Camões:
http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/literatura/lusiadas/
http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/literatura/lusiadas/
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