quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ESTÁ NA HORA DE CONHECER O BRASIL!!

Estamos todos na hora de conhecer o Brasil, eu o primeiro. De 2010 não passa.

Campanha do MTur incentiva viagens domésticas nas férias.
Fonte: www.brasilcultura.com.br


Campanha de promoção turística do Brasil. É uma campanha interna, para incentivar o turismo dos próprios brasileiros no interior do país, mas bem podemos aplicar o conto eiqui na Galiza.

Mais info: http://www.brasilcultura.com.br/cultura/esta-na-hora-de-conhecer-o-brasil/

terça-feira, 24 de novembro de 2009

LULA, O FILHO DO BRASIL

Em terça-feira 17 foi a pré-estréia do filme 'Lula, o Filho do Brasil' na 42 ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, www.festbrasilia.com.br, "filme biográfico baseado na trajetória do atual presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Dirigido por Fábio Barreto, cineasta indicado ao Oscar por O Quatrilho, o filme está previsto para estrear em todo o subcontinente sul-americano no início de 2010. Ele tem como atriz principal a queridinha do Brasil, Glória Pires e ainda sua filha Cleo Pires ".


'Lula, o Filho do Brasil' - Trailer




Com a má fama que tem a política e os políticos em geral, já diz muito que um presidente lhe adiquen um filme durante a sua presidência. Claro que Lula é muito Lula. No Brasil ainda resta muito por fazer, mas aquele homem do que temiam os neocon em todo o mundo, quando chegou ao poder foi capaz de colocar o Brasil na boca de todos em menos de uma década. Algo faría. Algo faria.

sábado, 21 de novembro de 2009

TUDO ISTO É FADO

Já há algumas semanas botamos em falha de um tema que, depois de quase 5 meses publicando artigos sobre a cultura da Galiza e Portugal, já vai sendo crime não ter falado dele: O Fado.

Bem é verdade que, embora caralladas é um apaixoado da música, do Fado não sabe muito e não são capaz de instruir a ninguém. Mas como temos todo o tempo do mundo pra ficar vendo coisas de vagar, podemos começar pelo imprescindível e deixar que seja a Rainha do Fado, Amália Rodrigues, que nos instrui e nos enquanto que é isso do Fado.

Não deixe de escutá e ler a letra que vos deixo a seguir, porque é uma maravilha.


Amália Rodrigues - Tudo isto é fado





Letra:
TUDO ISTO É FADO

Perguntaste-me outro dia Se eu sabia o que era o fado
Disse-te que não sabia Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia Eu menti naquela hora
Disse-te que não sabia Mas vou-te dizer agora

Almas vencidas Noites perdidas Sombras bizarras
Na Mouraria Canta um rufia Choram guitarras
Amor ciúme Cinzas e lume Dor e pecado
Tudo isto existe Tudo isto é triste Tudo isto é fado

Se queres ser o meu senhor E teres-me sempre a teu lado
Nao me fales só de amor Fala-me também do fado
E o fado é o meu castigo Só nasceu pr'a me perder
O fado é tudo o que digo Mais o que eu não sei dizer

Almas vencidas Noites perdidas Sombras bizarras
Na Mouraria Canta um rufia Choram guitarras
Amor ciúme Cinzas e lume Dor e pecado
Tudo isto existe Tudo isto é triste Tudo isto é fado

Amor ciúme Cinzas e lume Dor e pecado
Tudo isto existe Tudo isto é triste Tudo isto é fado



Máis informações:

- Web Amalia Rodrigues: www.amalia.com
- Fado: www.fado.com com informações sobre os principais Fadistas históricos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

UMA MAGNÍFICA NOTICIA

A língua galega atravessou um período de decadência na escrita literária e nos registros oficiais entre os séculos XVI a XVIII, conhecidos como "Séculos Escuros". Motivados pelas consecutivas derrotas da nobleza portuguesa nas lutas dinásticas pela Coroa de Castela no século XV eo apoio da Igreja portuguesa para a nova monarquia, a nossa língua pervivíu principalmente através da fala da quase totalidade da população. A substituição linguística ainda teria de esperar até ao século XX, e principalmente em sua segunda metade, por motivos bem conhecidos.

Mas apesar disso, a presença do galego na escrita nesses três séculos é muito escassa, não é nula. Na entrevista da semana passada, Manuel Lourenço nos contava como há anos percorrer o sul da Galiza e do norte de Portugal, representando a obra 'entremez famoso sobre a pesca no Rio Minho ", obra teatral de Gabriel Feijoo de Araújo do ano de 1671, escrita integramente em galego com intervenções em português dos personagens fidalgos da outra beira do Minho.

Não é o único caso em nossa literatura (romances diversos como o Lamento da Frouseira, o Soneto de Monterrei ou Colóquio de 24 Gallegos Rústicos de Frei Martin Sarmiento, entre outras, e também de artistas galegos que naquela época escreviam em português), bem como na narrativa histórica (composições sobre os saques de Cangas pelos turcos-episódio do que falamos há pouco em 'Maria Soliña' -, ou sobre a Batalha de Rande, em 1702, atribuído o Padre Feijoo). Também houve espaço para a presença do galego na panxoliñas-cáseque provavelmente a única presença do galego nas igrejas-e na classe fidalga autóctone portuguesa até à sua total substituição pela nobleza castelhana.

Da presença do galego na escrita durante os Séculos Escuros Tendas ampla informação no artigo da wikipedia A Literatura Portuguesa dos Séculos Escuros.


Manuscrito inédito em galego escrito durante os Séculos Escuros.
Fonte: www.editorialgalaxia.es


Mas a passada semana, vimos de receber uma excelente notícia a este respeito: a descoberta de um documento de valor histórico incalculável, um manuscrito em galego do primeiro terço do século XVIII, da autoria de Pedro Otero e que leva por título 'Ystoria dela Santa Yglesias de Iria Flavia e translação ala compostelana '.

O manuscrito, íntegramente escrito em galego, "trata-se de uma completa história de São Paulo e vai ser uma ferramenta de trabalho essencial para filólogos e historiadores, muito mais, segundo destaca-Campinas, que a 'Crónica de Santa Maria de Iria', códice escrito por Rui Vásquez em 1468 ".

Uma excelente notícia por duas razões: vem a se a pouca bagagem literária desses séculos que tem chegado até nós hoje, e pode ofrecernos informações sobre a nossa História em anos, dos quais apenas tem conhecimento mais do que pelo que contam de nós os 'imparciais' historiadores espanhois.

Mais informações, em www.editorialgalaxia.es

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CONVERSA CON MANUEL LOURENZO (2)

(continuación da primeira parte)

Manuel Lourenzo e Santiago Fernández, en Casahamlet.
Fonte: http://blogdecasahamlet.blogspot.com/


C: E unha última pregunta sobre o teatro en xeral, cómo ves a situación actual do teatro galego, o Centro Dramático, aqui en Casahamlet...

ML: A situación do teatro en Galicia é precaria, moi precaria. O Centro Dramático? Xa veremos... non ten nin director! Eso está descabezado, non sei o que van facer nin o que non. Nin creo nada no que din que van facer, non creo nada a esa xente... Esto (Casahamlet) vai funcionando... agora claro, é moi distinto o primeiro ano de Casahamlet, hai once, que agora, nótase moito no personal que... a capacidade de expresión oral, por exemplo, é moi diferente.


C: si?

ML: está moi reducida. A linguaxe é máis fragmentaria, hai menos vocabulario, xa non se sabe o que son os acentos... A linguaxe está moito máis deteriorada nestes once anos, non nos alumnos senón en xeral na sociedade, e nótase aqui.


C: Pero na língua en xeral ou na língua galega?

ML: Na língua en xeral. Na língua galega nótase bastante porque está xa moi minorizada, está moi, digo eu, moi atacada por moitos flancos. O que se trata agora parece o plan español é acabar coa língua galega para non ter xa un problema ahi, e entrar a saco as grandes empresas a controlar todo. E a língua galega non deixa de ser un pequeno obstáculo porque claro, como logrou algunha conquista a través do Estatuto de Autonomía e tal e das liberdades, pois haberá que barrer eso, no? É a política de "Esperanza y del Rajoy y del otro de los cojones y todos estes". Son sicarios dun poder, dun poder que xa nin lle chamo central porque hoxe central non é nin os Estados Unidos. Simplemente un poder, ía decir maragato de cando os maragatos controlaban o comercio de aqui, pero non, porque non é maragato, que está en Madrid clarísimamente, aínda que estea tamén na cabeza de moitos galegos, por desgracia.


C: Unhas preguntiñas sobre a túa obra. Para un autor as súas obras son coma os seus fillos, custa elexir. Atréveste a elexir algunha?

ML: Si! Eu clarísimamente. Home non dunha maneira rotunda, pero a min gústame especialmente unha que se titula 'O circo da medianoite'. Está publicada hai anos nun libro cunha de Roberto Vidal Bolaño e outra de Euloxio Rodríguez Ruibal. Non é a única, coidado, pero ahí, como noutra ocasión, fixen unha especie como dunha condensación das preocupacións dos últimos anos, reunidas nunha obra que ten unha certa unidade, unha centralidade máis que unha unidade. Xa o fixera tamén noutra ocasión con unha que se titulaba...

(bota un bó rato pensando, mais non acorda. Este home ten xa tal bibliografía ás súas costas, que como pra lembrar todo o que ten escrito)

... transcorría na Selva Negra, creo, nun sanatorio, pero non lembro algúns títulos.


C: Na Selva Negra en Alemania?

ML: Si, si.


C: Ti viviches alí.

ML: Non!


C: Non viviches en Alemania?

ML: Si, pero é unha zona a Selva Negra que significa determinadas cousas, entón a min váleme como referencia, non só pola miña aficción por ese país, senón que pode ser outro lugar calquera, tamén nun momento dado pois centreime moito en Lübeck, i eu nunca fun a Lübeck, i en Kiel, xa na punta practicamente que apunta a Dinamarca... Pero son rutas hanseáticas que a min me significan moito, desde un arcano literario e xeográfico, hai veces que entusiasman determinadas paisaxes aínda que non as coñezas, e despois ás veces cando as coñeces levas unha desilusión, ou dis "ah, efectivamente era así como pensara!". Claro, cando as ves no cine xa se fastidiou, xa che dan a imaxen feita! Xa non vale a imaxinación. Por eso, as veces, se sei que unha película procede de unha novela, prefiro ler antes a novela porque así teño as imaxes que me procura, e non collo as imaxes dun cineasta que as fixo.


C: E agora próximamente qué tes á vista?

ML: Agora vai sair un libro que se titula 'Medea dos fuxidos' e que leva seis ou sete obras de mediana ou curta duración. E despois teño case preparado outro libro con catro obras, que cando mo pida Pancho Pillado xa estará ahi. E actualmente estou escribindo unha obra, que non che vou dicir nada dela... Estou escribindo dúas, unha é de encarga, que vai máis lenta, estou esperando a que estreen a que vai estrear, e a miña é para despois. E a outra é unha que escribo con moita ilusión porque é un cambio de técnicas e de cousas... E despois tamén estou preparando uns apuntamentos de cousas pedagóxicas relativas ó teatro... E máis cousas, o que pasa que son tantas que xa, xa nin sei! Unha versión, traducción da Medea; as Troianas xa rematei tamén, que se vai facer en Culleredo; un traballo sobre 'Próspero e Calibán' sobre a obra de Shakespeare 'A Tempestade'... Estou preparando tamén un catálogo de traballos teatrais de Casahamlet, coas funcións, unhas observacións, unha serie de cousas. Traballos variados, igual que as lecturas, cunhas descansas das outras.


C: Esta entrevista é para un blog en internet, Nosquedaportugal, chamado así pola retranca aquela de Antón Reixa.

ML: 'Menos mal que nos queda Portugal', si.


C: No que o que intentamos é falar sobre a cultura galega e a cultura de Portugal, para darmonos a coñecer mútuamente.

ML: Ah, está moi ben, si.


C: Entón quería preguntar, pra falar un pouco tamén de temas do blog, qué significou Portugal na vida e na obra de Manuel Lourenzo?

ML: A min significa moito. Non só a través da literatura. Portugal é unha vía respiratoria, é unha vea que me sae por ahi polo suroeste e que recorro cada vez que... (ri) Pois mira, nunha ocasión, eu fixen teatro en Portugal xa no comezo dos anos 70. Era o primeiro grupo que aparecía por alí galego, en Porto i en sitios así. E nunha desas primeiras ocasións que había dúas funcións en Porto, que logo provocaron a exaltación nunha revista chamada 'cinéfilo', tuvo aquelo moitísimo eco. E despois foi noutra cidade tamén fronteiriza... Bueno, nesa ocasión eu estaba en malas condicións políticas coa policía, i entón... Estaba en liberdade condicional. Entón, non podía ir, non podía ir... e tentei ir a nado!

(eiquí rompimos a rir os dous!! A estas alturas caralladas perdeu o fío do que se estaba a falar de tanto que rin, recoñézoo!!)


C: Polo Miño!?

ML: Sí, por Salvaterra - Monção. Eu buceaba bastante ben... Hai un pasiño da barca, non sabes? Había un posto de guardiñas pero, eu xa sabía un sitio, cunha función que fixemos en Salvaterra calculei o sitio por onde ía pasar. Ademáis ía pasar sen aletas para non chamar a atención. Pero enterouse (...) e púxose feito unha furia, que si estaba tolo e tal. I entón como eso foi uns dias antes tiven que ensaiar a un profesor uruguaio de teatro e poñelo a dar un curso en teatro e circo, que era do Galpón de Montevideo, e fixo él o meu papel, despois de dous días de ensaio. Date conta, tivo que aprender a bailar, bailar pandeirada, cantala, e facer o meu papel, que era relativamente longo, era dos longos da obra. E alá vai Humboldt Ribeiro representándome. I entón pouco despois, como agradecimento chega unha delegación do concello desa cidade, agora non me lembro cál era, a traerme un barco que aínda teño por aqui, e unha medalla enorme de Santa Rita de Cássia, que era a patrona local, que aínda teño. Fíxome moita gracia, pero o que non me fixo moita gracia é que pasaron os anos sen poder visitar Portugal. E despois xa, cando xa puiden ir fun con máis liberdade.


Manuel Lourenzo. Fonte: www.galiciae.com


O bon foi non cando descubrin Lisboa porque xa estivera alí nunha xira de Follas Novas, cantando, no ano cincuenta e, eu que sei, cincuenta e sete ou algo asi. Pero despois cando redescubrín Lisboa, tamén para facer teatro, foi a miña cidade, convertina na miña cidade. Entonces, polo sur, a miña cidade é Lisboa, e cando podo vou. O que pasa é que sempre vou, como eu teño unha idea do aforro bastante... (ri), vou cando teño teatro, porque así gasto o que gaño e xa está. Entón agora tócanos ir en febreiro, a mediados, iremos facer un espectáculo alí, 'Lionel', que xa tiñamos retirado pero que resucita para esa ocasión. E últimamente levaba dous anos sen ir, porque había moito traballo aqui, moitos líos, pero agora eu creo que vou retomar para ir outra vez todos os anos, e sempre aproveito e quedo un día máis ou dous para... para estar máis en Lisboa, ir ás librerías, pasear, a luz de Lisboa, todas esas cousas que enchen moito o espíritu.


C: E da cultura portuguesa qué referentes nos podes dar?

ML: E da cultura portuguesa, o meu referente máximo do século XX son "Os novos contos da Montanha", que me parece a prosa máis fermosa do mundo, xunto con Cunqueiro e con Otero. Todo Pessoa, os clásicos, como sempre, pero sobre todo Pessoa, e de Pessoa para acá. A min a clásica portuguesa non me gusta demasiado, se ben lin con moita intención todo o que teñen medieval ou renacentista en teatro, e naturalmente Gil Vicente, pero interésame moito máis de Pessoa para acá. Agora, o teatro portugués non é forte, é relativamente feble. Sin embargo, qué combativos foron esta xente en torno ó 25 de abril... Hai pouco estiven en Coimbra dando unha conferencia i encontreime cunha señora toda... (ri, e fai un aceno), non vou dicir cómo, que nos anos 70 en Porto era unha auténtica fiebre de modernidade e de todo, no? I encontreina tan catedrática, tan modosa, tan... que dixen "Oi Isabel, tu es a mesma mulher?", e dice "si, pero tu conhecicheme canto estaba grávida!". Claro, o tempo actúa sobre todos.

I esa eclosión que houbo en Portugal eu tamén participei dalgunha maneira traballando alí, nos andábamos có 'Entremés do río Miño' de Feijoo de Araújo, que é unha obra do XVII, que está en galego-portugués; estábamos con 'Zardigot' de Euloxio Ruibal, obras así, non? E íamos moito polo Miño có 'Entremés do Río Miño', recorrimos o Miño gracias a unhas xiras subvencionadas pola Caixa de Aforros de Vigo, Salvaterra, Crecente, Arbo... o mellor dez localidades do Miño. E despois fixemos algunha por Portugal, Monção... E algunha vez que eu me trasladei a traballar alí cun compañeiro que dirixía alí unhas cousas, i entón coñecín un pouquiño máis a fondo a engranaxe do teatro independente portugués e do teatro universitario portugués. E Porto, por exemplo, era unha cidade florecente en teatro. Claro, hoxe é moito máis. Porto hoxe é unha cidade moi importante en teatro, desde teatros estatais a teatros independentes, alternativos... Porto é un totum revolutum, é un totum revolutum moi estrano. Lisboa para iso é unha cidade misteriosa, desde fora non sabes onde vas encontrar algo. Qué vas, ahi os teatros eses grandes Dona María ou a Trinidade, tal?.

Teatro Dona María II, praza do Rossío, Lisboa.
Fonte:
www.mundocity.com


Pero logo buscas tamén por outras cousas, A Comuna, Cornucopia... pero despois tamén hai outras cousas... Pero nunca sabes. É moi confusa, nese aspecto é como Madrid, moi confusa. Nunca sabes se tal teatro foi demolido, ou desapareceu... Tamén pasa con Paris eso, en cambio Londres non, Londres é unha cidade onde sabes en todo momento qué hai en cada esquiña, en cada rincón, porque sabes que en calquera teatriño dos que hai, hai unha caixiña fora con programas onde che dan o reparto de todo, ou quioscos e tal, o reparto de toda a cidade. Está moi informado todo, aparte a través da informática tamen sabes, e ademáis podes comprar entradas con meses de antelación, coa seguridade de que as vas ter alí, non? Está máis organizada nese aspecto porque, claro, teñen a súa parte de negocio. Os teatros son tamén grandes negocios, e grandes investimentos públicos, entón nunca deixan de funcionar dunha forma máis ou menos regular.


(Despois dun bó anaco falando de Portugal, tocaba cambio de tercio...)


C: Cómo está a vivir a batalla contra a língua do governo actual?

ML: joder...


C: (risas)

ML: Claro, un quixera que houbese réplicas todos os días ata que se foran, eu quixera eso. Todos os días réplicas ata que se foran, como tiveron a desfachatez de facer un ataque tan sórdido, e suxo e asqueroso, amargalos ata que se vaian.


C: E tí que viviches moitas etapas da língua, tras moitos anos, cres que está o galego mellor ou peor que antes?

ML: O que pasa é que agora con este ataque, é como a Primavera de Praga. Alí tamén se non había unha resposta doada pois, a Unión Soviética tomaba a situación, é dicir, o militarismo do que foi a Unión Soviética, e claro, unha resposta pero incluso internacional. Aqui non a vamos ter internacional, temos que tela nós, i eu creo que a resposta tiña que ser cansalos ata botalos. Que a resposta debería ser esa para que ninguén máis, nunca, polo menos ata que se esquezan estes feitos, volvera a intentar unha agresión.


C: E qué medidas cres que se poden tomar, ó pé da rúa, a xente, para revitalizar a língua.

ML: Todas, todas. Mira. Os partidos políticos xa non digamos, porque xa teñen a súa forma especial de obrar e de pactar e todas estas cousas. Pero a xente que estea agrupada en asociacións, a xente que vaia por libre, os gremios, incluso artistas, músicos, tal e tal e cual, aínda que sexa cada un por un lado inicialmente, toda a xente que teña conciencia do que se nos rouba roubándonos a língua, que saia á rúa e ós blogs e a todos os medios que existan, e que fagan películas, obras de teatro, cancións... Cancións, que agora non se canta para protestar, nin para atacar. E todos os medios que haxa, no ensino, na Universidade, que está adormecida en grande parte, e submetida a poderes extraños, cómodos, de sofá... Pois que revente dunha puta vez, que estoupe, e que responda. Que se responda desde todos os angulos e desde todas as circunstancias. Eu diría eso. E que haxa movilidade e un pouco de entusiasmo! Porque senón vamos cegos pra a tumba, eh! Cegos e xordos. Por non dicir coxos, trencos, eivados e todo o demáis. Cómo se pode consentir unha cousa así? Eu non o entendo, a verdade é que non o entendo, cantos galegos son capaces de soportar esto sen indignarnse activamente. Porque indignarse é moi fácil, eh. Colles, logo tomas un vaso de güisqui e xa che pasou. Non. Non se trata deso. Non se trata de cagar e xa está, non. Trátase de indignarse pero activamente. Incluso a xente máis pesimista. O pesimismo pode ser activo, i é a mellor actitude que se pode ter, creo eu. Eu ahi sería moi guerreiro. E non digo 'matar a ninguén', que non hai que matar a ninguén, hai que convencer de que non pode ser, de que non se soporta esa agresión, e que fracasaron. E mentres non se siga con eso van pensar que 'bueno, agora vamos deixar que se apague', porque os políticos son así, e a xente da pasta son así, 'las Espes' son así...


C: Pois xa case rematei. A ver se eres capaz de respostar cunha soa palabra...

ML: A ver...


C: Unha cor.

ML: Unha cor? (pensa...) Ningunha... TODAS, todas, hala. Mellor que ningunha, todas.


C: Un libro.

ML: (sospira...) Hamlet!


C: Un sentimento.

ML: Alegría.


C: Un desexo.

ML: Vida.


C: E unha palabra.

ML: eh... eu quería unha frase: "a por eles!!!".



Máis información:

- Biografía en wikipedia: Manuel Lourenzo.
- Bibliografía de Manuel Lourenzo: Ficha do autor.
- Web de Casahamlet: Casahamlet.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

CONVERSA CON MANUEL LOURENZO (1)

Como adiantábamos ontem, para celebrar os primeiros 100 artigos de Nosquedaportugal temos um convidado muito especial.

'Homenaxe a Manuel Lourenzo'. Fonte: www.fervenzasliterarias.com

menos de um mês menos de um mês comentava neste mesmo blog que lhe foi outorgado o Prêmio Álvaro Cunqueiro de teatro a Manuel Lourenzo, uma das maiores figuras da nossa cultura, e provavelmente a mais importante figura do teatro galego, como líder do teatro independente em pleno franquismo, ator , diretor teatral, e um longo etcétera.

A passada semana achegámonos ao centro de teatro que ele próprio dirige em A Coruña, CasaHamlet, onde Manuel teve a xentileza de nos oferecer uma tranqüila conversa para falarmos de tudo um pouco: o prêmio recebido, o teatro, a sua obra, Portugal, a nossa língua .. e à vida em geral. Um oceano de sabedoria deste homem, a quem tenho o enorme prazer de conhecer pessoalmente, e a quem quero agradecer que nos oferece a oportunidade de lhe fazer esta homenagem sentida a partir deste blog.



Caralladas: Manuel, 'Flores de Dunsinane' é unha obra baseada no 'Hamlet' de Shakespeare pola que acabas de recibir recentemente o Premio Álvaro Cunqueiro. Sen embargo, a obra fora escrita hai moitos anos xa, non?

Manuel Lourenzo: En 1980, si.


C: E tamén se presentara a este mesmo concurso entón, mais non fora premiada. Como foi?

ML: Realmente foi a un "concurso universitario", ou algo así, que acabou sendo, anos despois, o actual Premio Álvaro Cunqueiro. Roberto Vidal Bolaño contoume que non houbo premio ese ano, non o concederon. Dixo que un xurado dixera que eso xa o fixera Cunqueiro. Debe ser tratar un tema shakesperiano polo 'Don Hamlet', porque non creo que fosen ignorantes do 'Don Hamlet' de Cunqueiro. Naquel momento pensei eu, pensei... 'qué zopencos, coño!' (risas)


C: É que estiven buscando información da túa obra e non daba con este nome.

ML: Non, é que non se chamaba asi antes, chamábase 'Os Macbeth' daquela. A versión longa. Ó cabo de bastantes anos publiquei nun libriño que ten varias obras cortas, unha, moi curta, que se titula 'Os Macbeth', que debe ter dúas follas ou algo así, que é unha especie de síntese daquela outra. Como sabía que me ía dar moito que arranxar, funa deixando, así coma outras que teño, unha ducia, máis ou menos. Agora por certo vou publicar outra que sairá prontísimo, que se chama... (pensa) 'Medea dos fuxidos', que tamén é dos anos 80, premiada en Ribadeo, que tamén a tiven moitos anos porque non sabía por onde debía tirar, sabía que estaba a obra inconclusa, ou non ao meu gusto, e nunca tiña tempo.


C: E por qué sempre tocas... (Manuel xa adiviña a pregunta por onde vai, e resposta:)

ML: Sempre non, cuidado!


C: Moitas veces! ... tocas os clásicos?

ML: Coidado! Non sempre, moitas veces! Porque son, neste caso Medea de Eurípides, son temas que están en absoluta vixencia hoxendía. En realidade eu creo que vou de vez en cando ós clásicos para non esquecer que o que teño que escribir é teatro, e non outras tonterías. E non digo que o outro sexan tonterías, pero vamos, o meu é o teatro. Entón cando me desnorto un pouco, ou cando o edificio do teatro parece que vai derrubarse polos áticos ou polos baixos, e un está un pouco confuso, o que fago é recorrer ó maxisterio de sempre: os gregos, Shakespeare. toda a xente que creou cousas que aínda hoxe son definitivas.


C: E qué pensas de que cando escribiches 'Os Macbeth' non gañaras ó concurso e agora si, anos despois?

ML: Pois que... a vida é como é! (Ri, e ponse a cantar): "La vida es una ton-tería, tatatá!!" (risas). Esas cousas forman parte da comedia humana. Claro.


C: E tamén dis que non é un premio calquera, por qué non é un premio calquera?

ML: Ah pois non sei por qué o dixen, supoño que para min non porque...


C: ... o Cunqueiro...

ML: ... porque leva o nome de Cunqueiro. E Cunqueiro é como para os arxentinos Maradona, non sabes? Deus. Entón, eu teño algúns autores sacralizados: Otero Pedrayo, Cunqueiro, qué sei eu, Rosalía...


C: pero por Cunqueiro, non polo premio en sí.

ML: Por Cunqueiro, sí, por Cunqueiro. Os premios son todos máis ou menos iguais.


C: Igual que o de fillo predilecto de Valadouro?

ML: home, non... (risas), é distinto, diferente. É unha cousa que se agradece moitísimo porque ademáis alí estás entre amigos sempre. O de Cunqueiro é que me gustaba te-lo porque ten o nome de Cunqueiro, que para mín é moi importante.


C: Para os non iniciados: cómo definirías o teatro?

ML: Uf!! Definir?


C: Que é o teatro?

ML: Para min o teatro... definíumo unha vez Isaac Díaz Pardo, unha vez que discutín moito con él deste tema, dixo "bah, bah, bah! O teatro son gritos nunha praza". É unha definición que me parece perfecta. É sair a unha praza, é dicir, un lugar público, a un lugar público calquera, e crear alí un mundo para os demáis. Iso é o teatro. Unha 're- presentación' da vida, unha metáfora, unha 're- presentación'. Para que os demáis vexan o que facemos, por onde andamos, qué comportamentos hai, por qué se move a xente, qué é o que a move, que aspiracións teñen, qué desexos, en qué omnubilan, por qué matan, por qué morren. O teatro son todas esas cuestións... que eu non lle quero chamar grandes para que non pareza que estou a falar dunha ceremonia relixiosa. Cuestións humanas, son as cuestións humanas, o teatro. É o que non pode faltar, senón non hai país nen hai nada.


C: O poder tamén?

ML: O poder, que é un dos grandes temas...


C: Dicías hai pouco nunha entrevista "o poder só acepta o teatro mentras sexa un adorno".

ML: Claro.


C: E che quería preguntar sobre eso: por qué está sempre o teatro a expensas do poder?

ML: Esa é a gran contradicción, desde Grecia, eh. Porque en Grecia tamén lles pasaba igual. Tiñan que ser aqueles tíos os que organizaban todo, os que permitisen, os que desen o diñeiro...

C: os bancos, como dis sempre...

ML: si, a banca é... puff!!


C: As subvencións. Vive moito de subvencións o teatro galego?

ML: Si, moito. Case totalmente. Non o teatro galego, o teatro occidental, prácticamente. E a min non me parece mal que o Estado apoie o teatro, pero coidado, sen intervir no máis mínimo. Se interven o máis mínimo, xa o contamina, e xa todo empeza a revolverse. Entón eso é tan difícil, tan difícil, que posíblemente sexa imposible. I esa é a grande crise do teatro. Cando os do teatro eramos uns desgraciados, é dicir, os cómicos da legua na antiguedade, e logo pois, no franquismo eses grupos de teatro independente que recorríamos a Península co carromato e actuando por ahí como se podía, escapando das censuras, das policías e demáis, había un atisbo de liberdade e de anarquía tamén, por qué non dicilo, de anarquía, que facía que o fenómeno resultase fermoso, resultase unha aventura. Agora eso son episodios que acontecen entre épocas, antes de que unha época cambie un pouco de sino. Agora nesta época de... de qué?, de... de 'mercanchifles', e de... eso, de mercanchifles, de banqueiros, de sicarios e tal, é moi difícil. Pero eu creo que sempre hai un mínimo da xente que se dedica ó teatro que é capaz de facer esa aventura contra vento e marea, e ás veces ten que enganar ás circunstancias, e ás veces poñerse directamente ó frente de todas elas. Pero mira: o teatro nunca ha perder. Perde a vida, o teatro nunha ha perder. Mentras exista, hai un lugar de confrontación coa puta realidade. E iso é o que ten o teatro, e se non o temos, pois desgraciado o pobo que non ten teatro.


C: E pensas que a crise que está a vivir o cine có tema das descargas en internet, todo esto, pode axudar a que a xente...

ML: Non, non quixera eu que unha cousa servise para comer outra, esa especie de vampirismo que ten a nosa sociedade. O cine é unha cousa moi diferente do teatro. Agrupa ós espectadores nunha cámara oscura, é unha fotografía en movimento, fotografía viva, ten un contaxio coa realidade moitísimo maior, é máis documental, non é a presenza viva, en directo. É unha cousa completamente diferente, é necesaria, pero ó mellor se traslada definitivamente á casa, á pantalla de televisión.


C: Aínda hai moita xente que te coñece como Melgacho...
Melgacho (Manuel Lourenzo) e Couto (Tuto Vázquez), en Mareas Vivas.
Fonte: www.culturagalega.org


ML: Si pero eso é aparte. Esas cousas... Home, se fas teatro só, pois esa obsesión de hoxendía por ser coñecido e popular, se fas teatro só es menos popular, porque te ve menos xente. Se traballas na televisión vete máis xente mentas estás alí, pero despois quén se lembra? A ver, tí lembraste dalgún... tí en que ano naciches?


C: no 76.

ML: no 76. No 86 xa verías a tele, e verías ó mellor algún telediario coa familia, lémbraste qué locutor daba o telediario da noite cando tí eras pequeno? Non. Non, porque cando chos pasan así nun percorrido, "ai mecagontal, xa me lembro aquel...", i estuveche cinco anos con él, ou dez. "Ai mira este, mira este!", e non sabes nin os nomes. Todo corre, pola pantalla todo corre, todo flúe cunha rapidez enorme, i entón personaxes que poden sair no cine ou na tele, ó día seguinte, non digo que ó día seguinte, á semana seguinte, ó mes seguinte, ó ano seguinte, xa son pó, xa non son nada. Eso vai a tono con como pasan as cousas na actualidade: rápidas, fragmentarias e nunca definitivas. Entón eso tamén é unha cousa que incide na paranoia da xente. Porque todo é así, non é só a televisión, ou o cine ou o teatro, é todo así. Todo pasa demasiado rápido, i entón chega o momento en que nos dá a impresión de que a vida pasa tamén demasiado rápido, e a xente vólvese tola i empeza ós 30 anos a estirar a cara, a poñer botox para aquela enruga, e tal... Esa especie de histeria que hai. E somos máis susceptibles a deixarnos enganar por todas as mensaxes que son miles ó día, miles de mensaxes de todo tipo.


(Continúa mañá na segunda parte do artigo, onde falaremos da súa obra, de Portugal, da situación do galego, e máis)

domingo, 8 de novembro de 2009

BOM JESUS DO MONTE

Bom Jesus do Monte, Braga. Fonte própria.


Braga, capital do nosso país durante séculos, durante o Reino Suevo da Galiza. As lutas religiosas entre a Arquidiocese de Braga e Santiago também estiveram por trás da cisão entre Galiza e Portugal.

Nos arredores encontramos uma das primeiras mostras de arte neoclássico português, que constitui o principal atrativo turístico de Braga, uma das melhores expressões da arquitectura religiosa portuguesa, e clara mostra do peso da religiosidade na história da vila: a Via Sacra eo Santuário do Bom Jesus do Monte.

Escadorios da Via Sacra do Bom Jesus, Braga. Fonte: http://pt.wikipedia.org

Já no século XIV, surgem as primeiras menções a uma ermida neste mesmo Emprazamento, mas será a partir de princípios do século XVIII, quando o arcebispo Rodrigo de Moura decide 'empreender a reconstrução do pequeno santuário' ea Via Sacra.


Interior da Igreja do Bom Jesus. Fonte própria.

O conjunto arquitetônico é formado por 17 capelas da Via Sacra (10 delas nos Escadorios) ea Igreja do Bom Jesus, onde podemos contemplar o magnífico Retábulo em relieve que representa a crucificação de Cristo no Monte Calvário.

Detalhe do Retábulo em relieve, Santuário do Bom Jesus. Fonte própria.

Finalmente, uma razão mais para visitar esta maravilha: o Elevador do Bom Jesus, centenário funicular que comunica a cidade de Braga com o alto do Santuário paralelo aos Escadorios do conjunto, constitui o primeiro funicular construído na Península Ibérica, inaugurado em 1882.

Elevador do Bom Jesus, Braga. Fonte própria.

Mais informações, em www.bragavirtual.com

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

MEIGAS

"Depois da guerra vieram a peste ea fome, ea rapina,
e a Inquisição, pior e mais terrível praga que todos os destroços juntas "
Barreiro de Vázquez Varela, 1973.

Tortura pela Inquisição espanhola. Fonte: http://mcdaniel.iupdhc.org


Há 3 meses principiaramos uma temática sobre lendas galegas e portuguesas, com o artigo sobre a Santa Companha e a Moura Encantada. Aproveitamos esta semana que é tempo de defuntos, 'Halloween', Samhain e outros histórias, pra dar um ponto de vista algo diferente de uma tradição bem presente na cultura galega e bem característica da imagem que projeta no exterior: as bruxas.

Liamos ontem o poema de Celso Emilio Ferreiro sobre Maria Soliña, e sua interpretação por Carlos Núñez e Teresa Salgueiro. Esta é a história por trás do poema, com excertos de 'Guia da Galiza Mágica' de Vítor Vaqueiro:

"... processos levados a cabo pela Inquisição em Galiza ... que atingiram a cidades e vilas como Pontevedra, Compostela, Verín, Tui, Pontedeume, Padrón, Ponte de Lima e Guimarães, entre outras. Nomeadamente assinalados foram os processos de Cangas do Morrazo e, subliñabelmente, o que conduziu à morte de Maria Soliña ou Soliño, figura histórica que, envurullada na lenda, chegou aos nossos dias ".

Em 1621, piratas beberiscos turcos assaltaram a costa do Morrazo, matando vários marinheiros, levando presos como escravos para crianças e mulheres, e devastando tudo à sua passagem. Entre os marinheiros mortos se encontravam Pedro Barba e Antón Soliño, marido e irmão de Maria Soliña, uma anciã que contava, então, já sessenta e seis anos de idade. Também levaram preso a um sobrinho de Maria, Pedro Martínez, i entre as fazendas destruídas depois do ataque, conta-se a de María.
Aponta para além Vitor Vaqueiro um dado salientábel, "entre os mortos na praia conta-se João Refoxos, membro da Inquisição, o que demonstra que, em Cangas, havia autoridades do Santo Ofício que jamais opinar das supostas atividades de bruxa de Maria Soliña".

Maria Soliña. Fonte: www.educared.net

As terras dos denunciados por bruxaria passavam às mãos do denunciante, instigador e testemunhas, por isso, não é de extrañar que Maria, que provavelmente perderia a razão perante a sua desgraça, fora acusada por seus próprios vizinhos.

Maria foi torturada pela Inquisição, razão pela qual, durante o tormento declarou "ser bruxa havia mais de vinte e cinco anos, nos quais havia tido contato com o Demônio, em que se transformou em gato para ir a uma fonte que se achava na vizinhança de Cangas, e nos que matar muitas crianças ", fato este último que, diz Vitor Vaqueiro, Soliña respondida negativamente mas nas atas puseram as respostas como afirmativas.

Maria Soliña morreu no tormento, e não foi a única mulher em Cangas que sofreu nesse ano os embates da Inquisição em Portugal.


"Aquelarre", por Francisco de Goya. Fonte: http://mld.ursinus.edu

As bruxas e meigas-vocablos sinônimos ainda que há tendência a considerar as primeiras mais prejudicial- encarna "a atitude oposta à do cristão", rejeitando o batismo, adorando ao demônio, com quem chegam mesmo a manter relações sexuais, e festejam na sexta-feira -dia do calvário de Jesus Cristo- como dia santo.

A paganización e atual recuperação de ritos e costumes religiosas como parte do folclore de cada país, e neste caso da figura das Bruxas, faz com que às vezes perdemos de vista a realidade histórica que se esconde por trás delas: Uma expressão de nosso medo da morte, o fanatismo religioso, a intolerância, no caso do nosso país, além do atraso econômico, como fonte de ignorância em séculos em que outras regiões européias viviam a sua descolagem (Ilustração) e, por último, no caso das Bruxas, também a Misoginia tão característica da liturgia católica.


Por isso, alguém lhe surpreende agora que o jornal do Vaticano ande a tocar as bolas às pessoas para que deixem de celebrar o Halloween por ser 'um culto às bruxas'? Se fosse por eles, chamavam a Inquisição novamente a mais de um.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MARIA SOLIÑA

Nesta semana de defuntos, culto da morte e da bruxaria (se diz isso é Halloween, ou Samhain), eis vai a história de Maria Soliña, da qual falaremos manhã.


MARÍA SOLIÑA

Polos camiños de Cangas a voz do vento xemía:
ai, que soliña quedache, María Soliña.

Nos areales de Cangas, muros de noite se erguían:
ai, que soliña quedache, María Soliña.

As ondas do mar de Cangas acedos ecos traguían:
ai, que soliña quedache, María Soliña.

As gueivotas sobre Cangas soños de medo tecían:
ai, que soliña quedache, María Soliña.

Baixo os tellados de Cangas anda un terror de auga fría:
ai, que soliña quedache, María Soliña.

María Soliña - Celso Emilio Ferreiro.


Apesar de Luar na Lubre havia feito uma versão não há muito, eiqui vos deixo uma que me parece insuperável: Carlos Nuñez e Teresa Salgueiro (solista de Madredeus) no tema 'Maria Soliña':




Sim, tendes razão. Já estou demorando em falar de Carlos Nunes, e de Madredeus claro também. Non dou feito, non dou feito!! Não dou fato, não dou feito!