terça-feira, 30 de junho de 2009

FLORBELA ESPANCA E ROSALÍA DE CASTRO

Começamos o conhecimento mútuo de nossas línguas irmãs e de nossa cultura com versos de dois das melhores poetisas que nos deram as Literaturas Galega e Portuguesa: Florbela Espanca, principal figura do feminismo em Portugal, e Rosalía de Castro, mãe do "Rexurdimento" na Galiza do XIX e principal figura de nossas Letras.

Dois poemas sobre a existência, as solidões e saudades que tanto impregnam as obras das duas poetisas, que não vamos traduzir já que... a sério que não estão escritas na mesma língua??




EU - FLORBELA ESPANCA

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!



FOLLAS NOVAS (VAGUEDÁS) - ROSALÍA DE CASTRO

Unha vez tiven un cravo
cravado no corazón,
i eu non me acordo xa se era aquel cravo
de ouro, de ferro ou de amor.
Soio sei que me fixo un mal tan fondo,
que tanto me atormentóu,
que eu día e noite sin cesar choraba
cal choróu Madalena na Pasión.
“Señor, que todo o podedes
-pedínlle unha vez a Dios-,
dáime valor para arrincar dun golpe
cravo de tal condición”.
E doumo Dios, arrinquéino.
Mais…¿quén pensara…? Despois
xa non sentín máis tormentos
nin soupen qué era delor;
soupen só que non sei qué me faltaba
en donde o cravo faltóu,
e seica..., seica tiven soidades
daquela pena…¡Bon Dios!
Este barro mortal que envolve o esprito
¡quén o entenderá, Señor!…

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