Andando por Luxemburgo essa tarde conheci um grupo de jovens portugueses de Erasmus em alguma universidade de algum país do ambiente (não lembro qual), e botei a tarde com eles falando galego-português. Com eles descobri que algo de nós já vão conhecendo ("os galegos não querem ser espanhois, querem ser portugueses !!"), ou que um deles, um rapaz do Porto, dizia que em sua casa às vezes viam o Luar! !
E dizia o rapaz do Porto "quando fala a gente jovem não ... mas a língua que falam os velhos da Galiza é português!"
Não seria a última coisa que me surpreendeu no Luxemburgo. Caminho do aeroporto tomei um táxi. No artigo anterior deixava no ar a pergunta de se o método que se aplica no ensino cuatrilíngüe de Luxemburgo funciona. Bem, o taxista falava luxemburguês, alemão, francês, inglês e italiano. O TAXISTA!! Mas se eu com os taxistas de Madri quase nem me entendia em espanhol! Curiosamente não falava essa língua que supostamente serve para andar pelo mundo adelante que se chama espanhol. "E português?" Disse, agora que sabia que ali fala-se muito. "Não, eu sou filho de italianos".
Ao retornar a Madrid decidi que não podia continuar assim. Apunteime nas aulas de francês que dava à empresa onde trabalhava, e perguntei por aulas de português. Curiosamente, havia pouco que tinham decidido dar aulas porque começava a haver demanda (por Brasil, sim, mas também por Portugal, onde as multinacionais espanholas estavam entrando, então, 'a trapo'). Mas primeiro tinha que fazer um teste de nível, para ver em que curso entrava ...
Fiz o teste de nível de português, que consiste de uma prova escrita e uma entrevista com o professor, que diante do meu sotaque português "de imitação" perguntava uma e outra vez que para o que eu queria estudar português, se já falava muito bem. " Pois, porque nunca o estudiei. estudei galego, mas não sei que há diferenças com o português escrito e oral e quero estudá ".
Quinze dias depois recebi uma chamada do professor, para darmo o resultado da prova:
- Mira, que te llamo para decirte que no tienes nivel para el curso de portugués.
- Cómo que no tengo nivel?? Pero si por hablar gallego ya podría entrar en un curso más avanzado!!
- No, si eso es lo que quiero decir. Que tienes ya un nivel superior a los que ofrece la empresa, no te puedo poner en clase con nadie. I então eu pensei: "tantos anos aturando a ideologia nacionalista espanhola, dizendo que galego e português 'não são o mesmo, que el gallego no serve para nada ...', e agora que as multinacionais espanholas querem investir em Portugal ou Brasil, e precisam de diretores espanhóis que falam português, morreriam por ter um nível similar ao que tem um galego que nunca estudou português ".
Por isso agora, quando escuta a palestra do Ecolíngua 2009 'A Esperança da Lusofonia'
Ecolingua 2009: A esperanza da lusofonía from IGEA on Vimeo.
... não quero perder a ocasião de comentarvos a minhas experiências pessoais no Luxemburgo I, em Madrid, que me abriram os olhos sobre a utilidade do galego no mundo. Simplesmente, a mais de um hipócrita em Madrid (e por desgraça, em Galiza também, como demonstra cínico Jose Quiroga, presidente da Câmara de Comércio da Corunha) não lhes interessa reconhecê.
Da palestra do segundo professor, o brasileiro Carlos Faraco, destacar que poderemos verificar que a língua que fala é -como diz o representante da burguesia tardofranquista corunhesa-, praticamente ininteligíveis para um galego. Minha mãe, como se pode dizer que galego e brasileiro são línguas diferentes? Também destaca-se a menção que faz com que "como multinacionais espanholas Santander e Telefónica subvencionam o governo de Lula para que se ensina o espanhol nas escolas do Brasil". Claro, como acabamos de ver, os espanhóis aprender português demoram anos... apenas para falar o que um galego. Por isso preferem subsidiar os brasileiros para que sejam eles os que estudam espanhol.
Fica para o último uma das melhores palestras que ouvi neste Ecolíngua 2009: a do professor Fernando Venâncio. Depois de comentar algumas das coisas em comum que partilham em exclusivo galego e português (o infinitivo flexionado, a 'resposta em eco', etc.), ele di que o galego pode ser aproximado linguísticamente o português baseado na essência própria do galego, isto é, recuperando usos do galego que se estão a perder, mas que em português estão muito vivos.
Seria acometer para o galego o que ele denomina 'enxebrismo internacional':
- "Fazer um levantamento das formas comum i exclusivas de galego e português", algo que está começando a fazer o professor Venancio.
- "Tirar as frequências lexicais portuguesas. Por exemplo, usar menos 'cambiar, e máis mudar; menos 'empezar' e máis começar, menos 'quedar' e usar mais ficar. Tudo isso é galego".
- "Certas formas que, neste momento, são exclusivas do português e brasileiro, também fosem introduzidas no uso do galego, não porque elas sejam galegas hoje, mas porque são galeguísimas em sua conformação, na sua etimologia e conformação silábica".
- "Tirar as frequências lexicais portuguesas. Por exemplo, usar menos 'cambiar, e máis mudar; menos 'empezar' e máis começar, menos 'quedar' e usar mais ficar. Tudo isso é galego".
- "Certas formas que, neste momento, são exclusivas do português e brasileiro, também fosem introduzidas no uso do galego, não porque elas sejam galegas hoje, mas porque são galeguísimas em sua conformação, na sua etimologia e conformação silábica".
"Seria um estimular do galego, dando-lhe uma envergadura internacional. Pesquisa para o galego um enxebrismo internacional. A elaboração dum dicionário contrastivo galego - português ajudaría muito também".
Termina afirmando o professor que já estamos demorando em introduzir algo que eiqui tem insistido mil vezes: o ensino em português, e os meios de comunicação, livros, revistas, etc., Portugueses na Galiza.
Oxalá não demore.
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