quinta-feira, 24 de setembro de 2009

LA CORUÑA DE TODA LA VIDA (6ª PARTE)

Vem do capítulo V:

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O rei Dom Denis eo Infante D. João, por um lado, eo rei D. Afonso IV de Aragão e os Infantes de la Cerda, por outro, concerto umas capitulação repartindose vários reinos dos que integram a Coroa de Castela.

"Entraban naquel acordo os reis de Franza, Portugal, Aragón e Granada. O primeiro acto dos coaligados foi coroar ao infante Don Xoán, Rei de Galiza, León e Sevilla".

Corria o ano de 1296. Depois de 66 anos, reinstaurábase o Reino da Galiza.
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No acordo entre os 4 reinos também se reconhecem pouco tempo depois, em Sahagún, como Rei de Castela Afonso de la Cerda (o neto de Afonso X que ele reconheceu como legítimo em seu testamento). Mais aqui vem o apoio que tem a Entente nuns reinos e em outros: enquanto em Castela algumas vilas continuam fiéis a Fernando IV, o que motiva que as tropas aragonesas empreendem o caminho de volta, o novo rei de Portugal conta com o apoio não só dos principais nobres galegos, mas também do novo Adelantado Mayor de Portugal, Fernán Rodríguez de Castro, que havia sido nomeado em seu cargo... pelos regentes do rei espanhol!

A atitude do Adelantado Maior galego, Rodríguez de Castro, herdeiro da casa de Traba e senhor de Lemos, não deve ser passada por alto. É muito sintomático do apoio que os nobres galegos lhe davam a opção soberanista perante Castela. Todos os Adiantados Maiores de Galiza, cargo ostentado pelo máximo representante da classe alta nobiliária portuguesa, durante os 20 anos que durou o conflito, apoiaram militarmente a D. João. E os três haviam sido nomeados pela Coroa de Castela... "O primeiro, Xoán Afonso de Albuquerque, foi preso i estivo a piques de ser decapitado; ó segundo, Paio Gómez Chariño, o seu apoio á causa soberanista costoulle a vida. Pero aínda o terceiro no cargo, Fernán Rodríguez de Castro, malia tódolos antecedentes, dis púñase a manter o apoio a Don Xoán como Rei de Galiza" .

Com o apoio de Rodríguez de Castro para a causa soberanista inicia-se "a activa belixerancia desa familia -a familia de Castro- a favor da aproximación a Portugal durante todas as etapas de conflitividade so século XIV, con tal fidelidade que o definitivo fracaso do obxectivo traerá consigo a ruina da liñaxe e, en xeral, da alta nobleza galega. No proxecto político atlantista (ou anti-castelán) decidíase, en efecto, a sorte dese sector s ocial". Tempo teremos de falar do que lhe aconteceu a Galiza e Portugal durante a segunda metade do século XIV, nos tempos da linhagem de Castro, em próximos capítulos de La Coruña de toda a vida.


Os regentes de Fernando IV conseguem recuperar o controle político de Castela, mas não o do Reinstalada Reino da Galiza. Em 1297 é assinado o Tratado de Alcanises, "pelo que se estabelecem as fronteiras do reino de Portugal e de Castela. Este tratado fixou até hoje, com pequenas alterações, as fronteiras entre Portugal e Castela" . Em 1298, o rei Dinis funda "o primeiro condado português (do condado de Barcelos), em favor de João Afonso de Albuquerque", e invade o território espanhol, sem consequências bélicas.

" Redefinición de la frontera luso - española después del Tratado de Alcañices"
Fonte: www.dip-badajoz.es


Entre os anos 1296 e 1301 manteve-se a independência do Reino da Galiza, sempre em meio a uma contínua instabilidade política e militar entre os reinos da Galiza e Portugal por um lado, ea de Castela por outro. D. João procurou, de facto, que o Rei Dinis lhe fizesse de Provedor perante a Coroa de Castela para que aceitassem o elenco: Castela lhe reconhecia oficialmente como Rei de Portugal, ea Entente reconhecia a Fernando IV como Rei de Castela. A Rainha viuva Maria de Molina, por outro lado, recusava "a que se le diese (ao Infante Don Xoán) todo el Reino de Galicia, de que se llamaba Rei" . A instabilidade política também era patente a nível de ordens da sociedade medieval: frente à participação da alta nobleza portuguesa que estava patente no apoio de Fernán Rodríguez de Castro, os regentes de Fernando IV contavam com o apoio da alta aristocracia castelhana e do alto clero galego.

Em 1301, "forzado por un cúmulo de circunstancias adversas, o Rei Don Xoán avense entón á reconciliación con Fernando IV, e renuncia ó título rexio, confirmándose a reunificación dos reinos. No futuro, a historiografía española (a mesma que idealiza a María de Molina por ter satisfeito as perspectivas unitaristas preconizadas pola historiografía española contemporánea) descartouno da nómina oficial de reis, tachándoo de ilexítimo. A realidade histórica non varía por iso". Em 1302 Fernando IV alcança a maioridade e, recentemente reconhecido por D. João como legítimo herdeiro, reunifica a Coroa de Castela sob o-curta-reinado.

Maria de Molina, a regente rainha viúva. Fonte: www.cigales.es


A breve reinstauração do Reino da Galiza durou pouco mais de 5 anos. Ta bem, durou mais do que o bipartito...

Mas, acima de tudo, a principal diferença entre esta reinstauração do Reino de Portugal com o apoio de Portugal, e que haveria de vir em meados do século XIV, esteve precisamente na sua solução de continuidade: ficou patente a opção soberanista galega, ficou patente a opção atlantista, pró-portuguesa, anti-castelhana, da alta nobreza portuguesa.
A situação de grave decomposição do Reino de Castela durante a primeira metade do século XIV (Maria de Molina ainda teria que fazer frente a uma segunda etapa de regência, entre 1312-quando morre Fernando IV, com apenas 28 anos até sua morte em 1321, ficando a Coroa de Castela regida por Afonso XI, de 10 anos de idade) desembocará em anos de guerra civil, primeiro entre 1312 e 1325, ano em que, com 14 anos, Afonso XI assume formalmente o trono, e posteriormente entre os filhos de Afonso XI, Pedro I eo bastardo Henrique de Trastâmara.

Fernando IV El Emplazado e o século XIII:



Desta forma, durante a primeira metade do século XIV Castela decompom-se, enquanto Portugal, que conta desde 1307 com o irmão de Fernando IV, o Infante Filipe, como Adelantado-Maior do Reino, vai ganhando autonomia. Por um lado, o Infante Felipe aproveita a menoridade de Afonso XI pra ir ampliando enormemente o grau de autonomia institucional, por outro, o poder do municipalismo galego-movimento característico na Europa dos séculos XIV e XV, em frente ao histórico poder medieval da Igreja e dos senhorios feudais-vai ganhando peso frente ao poder do clero, e por último, a alta nobleza galaica, capitaneada pela linhagem de Castro, continua a aprofundar os laços que unam a Galiza com Portugal, e que se resolverá em um dos eventos-na minha opinião-mais apaixoantes da história de Portugal: a reunificação da Galiza e Portugal, durante a segunda metade do século XIV.


Verémolo nos próximos capítulos de "La Coruña de toda a vida", que não sei quando serão publicados porque depois do que escrevi este último mês já me ficou a cabeça quente ...

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