terça-feira, 15 de setembro de 2009

MÁIS CHULOS QUE UM OITO

Os Governadores dos Bancos Centrais Shirakawa (Japão), Trichet (Europa) e Bernanke (USA), em Lake Jackson no dia 21 de agosto de 2009
Fonte: http://newshopper.sulekha.com


Os responsáveis há um ano das políticas econômicas americanas, a Europa eo Japão continuam sorrindo um ano depois. Hoje cumprem o cabodano da quiebra de Lehman Brothers, o centenário banco de investimento norte-americano, evento que ocupará um lugar de destaque no estudo da economia e do capitalismo. A sua queda eo pânico que desatou colocou-se as enormes falhas de um sistema que, fruto de seu sucesso, creuse invencível. Um sistema cada vez menos baseado no crescimento produtivo e sosteníbel, e cada vez mais centrado na especulação financeira e na crença de que "o sistema autorregúlase, o mercado nunca se equivoca e os controles são prejudiciais".

O evento foi um mal necessário: pôs a todos os governos a funcionar, com medidas totalmente heterodoxas para o pensamento econômico dominante até então: nacionalizações bancárias, intervenção dos governos, taxas de juro a 0% e "expansão quantitativa" da oferta monetária (isto é , dar-lhe a máquina de fazer bilhetes sem preocupar-por enquanto-pela inflação que possa gerar). Com isso, deu um papel relevante ao keynesianismo pela primeira vez em mais de 30 anos. E não só no econômico supuso uma revolução: levou para o primeiro cidadão afro-americano à presidência do país, derrubou o governo conservador no poder no Japão por mais de 50 anos, pôs de manifesto que países emergentes como China e Brasil são potências dominantes neste século XXI e fez com que governos "de direita", como o francês e alemão, entre outros, é aprovada medidas econômicas "de esquerda", como subidas de impostos ou expansão do gasto público para compensar a queda da demanda.

Ocorre o mesmo em todo o mundo?

Não!

"Galiza no mundo". Fonte: http://thetranslatorscafe.wordpress.com


Uma pequena "aldeia" no confim da Europa resistem a acompanhar o ritmo da História, muda um governo progressista que está centrado no desenvolvimento sustentável (Lei dos 500m, energia eólica portuguesa, proibir aberrações em Touriño, etc.) por um governo que assegurava ser capaz de acabar com a crise mundial em 100 dias, graças à sua austeridade (redução do gasto público, que é justamente o contrário do que recomendam os Nobel Krugman e Stiglitz, e aplicam os governos norte-americano, alemão, francês, espanhol, chinês, brasileiro ....). Austeridade que mostrou ser equivalente a tirar-lhe os livros gratuitos aos jovens para dar subsídios aos colégios de pagamento do Opus Dei, e vender o concessionário da Audi do governo Fraga-Feijóo para, com as rendas, pagar-lhe favores ao meio de comunicação que fez possível a sua volta a São Caetano.

Mas não vos estranhe. Se alguma coisa caracteriza o seu pensamento pátria (espanhol, claro) perante a crise é serem "mais chulos que um oito". Não há mais que botarlle uma olhada ao comportamento do Ibex 35 a partir da quiebra de Lehman Brothers, até hoje:

Ibex vs. Dow Jones comparativa a 1 ano. Fonte: www.invertia.com

Ao cair Lehman Brothers, o Ibex estava em 11.000 pontos, quase os mesmos (10.900) que o índice Dow Jones, representativo da economia americana. Hoje, depois do enorme susto, o Ibex já supera em quase 500 pontos aquele nível, enquanto o principal índice internacional ainda vai-na lentamente recuperação-pelos 9.600 pontos. Por ahi fora andam a pensar "brotos verdes sim, mas ... vai a modinho, ho!". Em Espanha não. Como sabeis, a Espanha atravessa uma situação envidiabel: desemprego socialmente sustentável, sistema financeiro transparente e sem armadilhas contabilísticas, e situação política de cooperação entre governo e oposição excelente.

Ámen.

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