terça-feira, 21 de julho de 2009

LA CORUÑA DE TODA LA VIDA (2ª PARTE)

Começamos o estudo da História comum de Galiza e Portugal que propusemos no capítulo I, entre os anos 1230 até finais do século XV.

O ano 1230 tem especial relevância na história de nosso país, já que é a primeira vez -com a exceção do incidente que daría lugar a criação do Condado de Portugal- em mais de 1.000 anos que Galiza não constitui um território independente do resto da Península:

Galiza séculos I a XIII. Elaboraçao propria.
Fonte: http://gl.wikipedia.org/wiki/Reino_da_Galiza


A evolução dos diferentes reinos peninsulares atendia a razões muito diferentes das que definiriam um "Estado Nacional" tal e como os entendemos hoje em dia. De fato, não podemos falar de estados propriamente ditos, já que trata-se mais bem de 'luitas' entre senhores feudais que se repartem seus territórios como quem briga com os vizinhos pelos limites dumas várzeas.

Mas na "base emocional" que sustentou o nascimento das nações européias, com ou sem Estado, a partir do fim da Idade Meia, estão presentes todos estes elementos:
- uma língua própria, desenvolvida desde o latim ou influenciado por este, e da qual em algum momento toma-se "consciência nacional" de seu uso.
- uma história própria, encarnada a miúdo em uma casta (nobreza, reis) autóctona.
- heróis nacionais e inimigos a bater (O Cid, Ricardo "Coração de Leão", etc. na Reconquista contra os mouros, as Cruçadas, etc.)
- por último, a miúdo as fronteiras entre reinos variavam em base a guerras com os vizinhos, os freqüentes casamentos de conveniência entre diferentes famílias reais -com o objetivo de alcançar no altar o que não se conseguia no campo de batalha-, e as guerras civis de sucessão, quando a sucessão das linhas dinásticas geravam conflitos de interesse.


Rodrigo Díaz de Vivar, El Cid.
Fonte: http://endrina.wordpress.com/category/biografias/

A ninguém se lhe escapa hoje a identificação do Cid como símbolo de "espanholidade", quando nos anos do Cid (1048-1099) não existia a Espanha como tal. Do mesmo modo, no período que vai desde O Cid aos Reis Católicos (1050 a 1500 aproximadamente), na Galiza e Portugal falava-se a mesma língua, foram governados em várias ocasiões pelos mesmos reis, e viveram seus mitos nacionais (Pedro e Inés de Castro, a batalha de Aljubarrota, o Reino de Galiza, a revolta dos Irmandinhos, etc.) anos antes que fora proclamada a "unidade nacional" sob o reinado dos Reis Católicos.

O primeiro evento que separa à Galiza de Portugal, é a resolução de uma dessas brigas dinásticas de sucessão, das que veremos muitos mais casos nos séculos seguintes e das que falaremos em próximos capítulos. Disputa pela sucessão ocorrida, neste caso, à morte do
Rei Afonso IX.

Afonso IX, Rei de Galiza e León
Fonte: http://www.artehistoria.jcyl.es/historia/personajes/5079.htm

Em vida, Afonso IX tenta recuperar a unidade de Galiza e Portugal com o casamento de conveniência com sua prima Teresa de Portugal, em 1191. Tem duas filhas, Sancha e Dulce, mas o casamento resulta cancelado pelo Papa de Roma por consanguineidade. Tenta de novo a expansão, neste caso com o objetivo de anexar Castela, casando em 1197 com sua sobrinha Berenguela de Castilla, casamento que será novamente cancelado pela relação familiar entre ambos. Desse casamento nascerá Fernando, futuro Fernando III de Castela.

Dissolvidos ambos casamentos, a relação entre o Reino de Galiza e o de Castela é de constante oposição. Em 1217, ainda em vida de Afonso IX, seu filho Fernando herda o Reino de Castela por cessão de sua mãe, Berenguela. Entre 1217 e 1230, o enfrentamento entre Afonso IX e Fernando III é constante.

Por conseguinte, a seu falecimento Afonso IX dispõe que sob nenhum conceito se cheguem em unir seus reinos de Galiza e Leão com o de Castela, e estabelece que herdarão ambos reinos as filhas do seu primeiro casamento com Teresa de Portugal, Sancha e Dulce.

Dos eventos que seguiriam vocês podem encontrar mais informação no site
http://www.artehistoria.jcyl.es/historia/personajes.htm: "Fernando III no respetó el testamento de su padre que dejaba los reinos de Galicia y León a Doña Sancha y Doña Dulce, hijas que tuviera con Doña Teresa de Portugal en su primer matrimonio. Fernando y su madre Berenguela logran en 1230 la renuncia de las herederas al trono a cambio del pago anual de 30.000 maravedíes, con lo cual la tendencia del Reino iba a ser cara a los intereses de Castilla, tomando importancia Toledo en detrimento de Santiago de Compostela como sede arzobispal y de León como ciudad regia".

O importante em nível histórico da resolução do conflito é que constitui a primeira vez que Galiza passa a depender da Coroa de Castela. Mas esta integração "tranqüila" duraria, como veremos, um único reinado, o de Afonso X O Sabio. O Rei de Castela que escreveu as Cantigas de Santa Maria (algumas delas, quando menos) na língua de maior prestígio naquele momento, o galego.

A morte de Afonso X trará consigo uma nova guerra de sucessão, na qual Galiza contará com o apoio de Portugal para restabelecer, na figura do Rei Xoán, o Reino de Galiza.

O veremos nos capítulos III e IV.

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