quarta-feira, 29 de julho de 2009

LA CORUÑA DE TODA LA VIDA (3ª PARTE)

No capítulo II víamos como foi que Galiza perdeu sua independência pela primeira vez em séculos. Neste terceiro capítulo, veremos que a parte galegofalante do sul do Minho correria uma sorte muito diferente.

Mas para explicar por que Galiza e Portugal não são hoje uma mesma nação... teremos que explicar primeiro como é que a Reconquista de Iberia por parte dos povos cristãos deu lugar a dois países diferentes na faixa galegogalante. Isto é, como é que existe Portugal.


Três são os episódios que definem o nascimento e consolidação da identidade portuguesa:

1.- O Condado Portucalense e
sua transformação em Reino de Portugal no ano 1139 depois da vitória na batalha de Ourique, no Alentejo, na que Afonso Henriques derrota ao exército mouro e se declara primeiro rei do Reino de Portugal, Afonso I.

2.- No entanto, não poderia falar-se de uma tomada de consciência da nacionalidade portuguesa até o
Rei D. Dinís, o equivalente -e coetâneo- ao Rei Afonso X O Sábio em Castela. Dinís, filho de Afonso III de Portugal, é uma das figuras mais notáveis da história portuguesa: chegados ao Algarve e terminado assim o espaço de reconquista possível para Portugal, amadureceu a consciência nacional do país, fundou a Universidade de Coimbra e fez da língua galego-portuguesa sinal de identidade nacional. Não por nada se presume que foi o primeiro rei português não analfabeto.




3.- A dinastia Afonsina verá-se extinta na pessoa de Fernando I, Rei de Galiza e Portugal, na segunda metade do século XIV. A guerra de sucessão em Portugal e as contínuas tentativas de independentizar-se da Corona de Castela por parte do Reino de Galiza enfrentará a Castela contra Portugal, Galiza e a Inglaterra. A batalha decisiva, que consolida a Portugal como Reino independente na península Ibérica, data do ano 1385 na célebre batalha da Aljubarrota.





O destacável é que os três episódios são vitais não só na história de Portugal, mas também na de Galiza:

1. A
transformação de Portugal em reino deixa ao Reino de Galiza engavetado entre os Reinos de Castela e Portugal, sem mais possibilidade de expansão que a faixa de Extremadura através do Reino de Leão. É muito provável que a perda de influência desde então do reino mais poderoso na península na Alta Idade Meia se deva precisamente a este fato. Quando a união de Castela e Leão deixa ao Reino de Galiza fora de jogo, a nobreza galega tentará de reorientar seu espaço político cara a Portugal em multidão de ocasiões ao longo de 2 séculos.

3. Os eventos da segunda metade do século XIV são para mim sem dúvida os
mais apaixonantes de toda esta época. Por desgraça, são também os que determinarão a sorte que correrá Galiza a partir do século XV. Enquanto para Portugal significam sua consolidação como reino peninsular em uma nova linhagem, a dinastia Avis, de sangue galega, para Galiza significam a extinção do poder desse mesmo linhagem -os De Castro, herdeiros do Rei García de Galicia- e sua definitiva integração em Castela como reino "rebelde".

Escudo da familia Castro.
Fonte: http://gl.wikipedia.org/wiki/Familia_Castro



2.- Deixamos para o final o ponto 2 porque é o que enlaçará com nosso seguinte capítulo. Já que é precisamente o Rei Dinís, figura essencial na consolidação da identidade nacional portuguesa, quem apóia no fim do século XIII a tentativa da nobreza galega de reinstaurar o Reino de Galiza. Algo que se alcançaria em 1296.


O veremos no capítulo IV.

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