segunda-feira, 31 de agosto de 2009

FEIRA FRANCA EM PONTEVEDRA

Muitas coisas mudaram em Pontevedra nos últimos tempos. De fato, se há um governo nacionalista que vai já para 12 anos em uma vila tanto tempo dominada socialmente pelo "pijerío" -para alguns continua sendo a vila das touradas e as "puestas de largo"-, será que muito mal não fariam. Algo arrogantes foram algumas vezes, tudo é preciso dizê-lo, razão pela que seguem perdendo votos eleição após eleição, mas tiveram muitos acertos reconhecidos e que fizeram de Pontevedra a única cidade da Galiza onde o nacionalismo galego governa sem interrupção por mais de uma década: a recuperação do Casco velho, completamente degradado durante anos, a peonalizaçao do centro urbano, a recuperação do río Lérez -falta ver que passa com a Celulosa na foz-, etc.

Pontevedra e Ría de Pontevedra
Fonte: www.concellopontevedra.es

Todo isso fez de Pontevedra a segunda vila de maior crescimento populacional na última década dentre as principais cidades galegas, só atrás de Lugo. E, a diferença da capital lucense, seu empurrão não se deve à absorção de população dos municípios rurais do ao redor, mas junto das vilas contíguas de Marín ou Poio fazem da comarca de Pontevedra o quarto eixo econômico e populacional de Galiza, só atrás de Vigo, A Corunha e Santiago.

Evolución da poboación nas 7 vilas galegas. Ano 1991 base 100.
Fonte: www.ige.eu



Mas vamos ao tema. Entre as medidas mais acertadas dos últimos anos esteve a implantação da Feira Franca, evento que "se fundamenta no mercado libre de impostos que comezou a celebrarse en Pontevedra a partires do ano 1467, en virtude dun privilexio real concedido por Enrique IV, que autorizaba a celebración dunha feria que duraba quince días antes e quince despois do 24 de agosto, día de San Bartolomeu". A festa não está isenta de simbologia nacionalista, já que evoca os tempos de maior esplendor da burguesia galega, em um tempo no qual "a documentación dos concellos de Santiago, A Coruña, Betanzos, Pontevedra e Ourense está case totalmente redactada en galego". Mas, a diferença das festas sectárias dos touros e absolutamente rançosas e vergonhosas de "puestas de largo" e demais, que só recebem o interesse de um setor da sociedade local, a Feira Franca conseguiu em uns anos todo o interesse da sociedade e ser orgulho dos lerezanos. Uma festa para todas as idades, para ficar nas ruas durante todo o dia, comendo, assistindo a recriações históricas, mercadinhos, cetraria, etc.

Praza da Leña - Pontevedra
Fonte: http://leovigildo.lacoctelera.net

E tudo isso, no marco incomparável da Zona Monumental pontevedresa, a maior e melhor conservada da Galiza. Está claro que não conta com monumentos do renome de nossos Patrimônios da Humanidade -Catedral de Santiago, Muralha de Lugo e Torre de Hércules-, mais as praças e rúas que vocês poderão encontrar caminhando de vagar por nossa cidade são do mais formoso do País. A este respeito, assinalar também que "a construción da Basílicia de Santa María ao longo do século XVI, impulsada pola poderosa Confraría do Corpo Santo, é a manifestación artística máis sobranceira daquela etapa de esplendor".

Basílica Santa María - Pontevedra
Fonte: www.colon-gallego.com

E se formosas são as ruas da Boa Vila, muito mais no fim de semana da Feira Franca. O ambiente pontevedrês é o mais adequado para recrear o medievo, levando-nos por um dia àqueles tempos como não o consegue nenhuma outra das festas medievais que se realizam em Galiza. Por isso, convidamos-lhes a visitar Pontevedra este fim de semana do 4 e 5 de setembro, e para aqueles que não possam vir, a semana que vem faremos entrega de um novo artigo onde recolheremos algumas estampas da nossa festa mais sentida.

(Toda a informação que vocês precisem sobre a Feira Franca, em
: http://feirafranca.info )

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

ELEIÇOES EM PORTUGAL

(hoje vamos a dar-lhe uso à wikipedia, que para isso está...)


Pois sim. Não há nada que se realizaram as Eleições ao Parlamento de Galiza, e posteriormente as Eleições Européias, e já estamos de eleições outra vez. Mas esta vez estamos falando das Eleições legislativas portuguesas de 2009, a realizar no próximo dia 27 de Setembro. O governo que sairá eleito será o XVIII Governo Constitucional de Portugal.

Palácio de São Bento, edificio da Assembleia da República Portuguesa
Fonte: http://pt.wikipedia.org


Não só isso, mas poucos dias mais adiante, Portugal volta a fazer o papel de eleições (mas não as podiam juntar??): no próximo dia 11 de outubro se realizam as Eleições autárquicas portuguesas de 2009, uma espécie de eleições municipais onde se decidem os governos de municípios e freguesías. Tudo Portugal está agora mesmo cheio de enormes cartazes com o rosto dos candidatos às Eleições Autárquicas, que são uns quantos...


O Parlamento vigente atualmente em Portugal foi eleito nas Eleições Legislativas portuguesas de 2005, do 20 de fevereiro, onde ganhou o Partido Socialista, liderado por José Sócrates, com 121 cadeiras de 228, com 46% dos votos. Como resultado das eleições, José Sócrates foi eleito atual Primeiro-Ministro de Portugal, isto é, o chefe do Governo de Portugal.

José Sócrates, Primeiro Ministro de Portugal
Fonte: http://pt.wikipedia.org


Em uma República Presidencialista como a portuguesa, a titularidade dos poderes políticos completa-se coa figura do Presidente da República, que atualmente recae em Aníbal Cavaco Silva, antigo lider do PSD i ex-Primeiro Ministro.

Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República de Portugal
Fonte: http://pt.wikipedia.org



Outros partidos com representação no Parlamento de Portugal são o PPD/PSD e o CDS-PP de direitas, e pela esquerda, além dos socialistas, o Partido Comunista-Verdes e o Bloco de Esquerda.

As sondagens, no entanto, dão como resultado esperado um empate técnico entre Partido Socialista e PPD/PSD. De vez em quando iremos atualizando informação neste blog sobre campanha e resultados, ao longo deste mês e meio de eleições que nos fica por diante em Portugal...

As , no entanto, dan como resultado agardado un empate técnico entre Partido Socialista e PPD/PSD. De cando en vez iremos actualizando información neste blog sobre campaña e resultados, ao longo deste mes e medio de mítines que nos queda por diante en Portugal...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

NÃO DAMOS ABASTO!!

Hoje tenho uma muito boa nova que dar-vos: o modesto trabalho deste blog por informar à Galícia e Portugal (e por extensão, todo o mundo lusófono) é infinitesimal em comparação com tudo o que se está trabalhando desde todos os campos e desde os dois lados da raia. Tanto é por tanto hoje me vou limitar a citar algumas das notícias mais destacáveis que foram publicadas recentemente, a maioria extraídas do portal de novas galegas www.chuza.org que está sendo -é de bem nascidos ser agradecidos- de tremenda ajuda à hora de buscar idéias para este blog:


* Sobre música:
- O Festival Outonalidades (que começará o mês que vem de setembro) em Águeda, Portugal, volta a colaborar este ano com a Rede Galega de músicaaovivo. O resultado serão 6 bandas portuguesas que girarão por Galiza este outono, e onze galegas por Portugal. Vocês têm cumprida informação no site www.vieiros.com, em uma nova da qual queremos sublinhar que nos encanta seu título: "Este outono, menos mal que nos queda Portugal!" :-D
- Um pouco na mesma onda, citar que o fim de semana passado, o Festival San Caetano de música, em Celeiro de Mariñaos, contava com a colaboração também de um par de grupos que misturam a música popular galega com a portuguesa e brasileira.
- A respeito de Galiza e o Brasil e nossa cultura em comum, opinava no jornal Galicia-Hoxe a figura mais internacional da música galega, o gaiteiro Carlos Núñez, recentemente premiado com o Ireland"s Music Award. No Brasil "descobriu algo que pode ser vital para nosso futuro. o Brasil guarda a essência da cultura galega em código urbana e contemporânea, é mais galego que lusitano". Podem ler o artigo completo aqui.



* O Portal Galego da Língua, www.pglingua.org, portal da AGAL (Associaçom Galega da Língua, "associaçom sem ánimo lucrativo, constituída em 1981, que visa a plena normalizaçom do Galego-Português da Galiza e a sua reintegraçom no ámbito lingüístico a que historicamente pertence: o galego-luso-brasileiro") é uma constante fonte de informação sobre os nexos entre [Galiza] e a [lusofonía]. Alguma das notícias mais recentes das que se fazem eco:
- "Do ñ para o nh". Livro editado em julho deste ano pelo professor Valentim Fagim, como «Manual de língua para transitar do galego-castelhano ao galego-português».
- Jornadas de acampamento Portugaliza, a realizar entre agosto e outubro deste ano, como ponto de contato entre jovens de Galiza e o Norte de Portugal.
- E citar também um dos -muitos- artigos que estamos lendo recentemente advogando por um maior contato cultural entre Galiza e Portugal. Neste caso, a cargo do professor José Paz Rodrígues, "Portugal, tam perto, tam longe".

* E já que falávamos de Portugaliza, mencionar o site www.portugaliza.com, como "ajuda a aperfeiçoar o conhecimento do português" para galegos. A língua e a cultura portuguesa e brasileira, para galegos.


Seguro que há muito mais, mas é muito alentador comprovar que já se está fazendo tanto por revitalizar nossa cultura própria através do contato e o conhecimento da cultura portuguesa no mundo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

USAIN BOLT

Sim, já o sei, vocês dirão "... Usain Bolt em um blog como este? Nem é galego, nem fala português, nem tem nada a ver com o blog...".

Bom, pois... por um lado, o primeiro artigo da semana corresponde à notícia mais destacável dos últimos dias, e não me vocês negarão que sua atuação nos Mundiais de Atletismo em Berlin foi o melhor que vimos em muito tempo... Eu, sem dúvida, gritei como um louco vendo pulverizar todos os registros.

Usain Bolt na final dos 100m lisos
Fonte: www.guardian.co.uk


Mas é que, por outra parte, muita gente opina que Bolt é sobre-humano. Igual é marciano, e já o diziam Os Resentidos, "xa chegaron os marcianos que tamén che son galegos". Se há galegos por todo o mundo, igual Bolt é galego também... eu que sei!!



O que está claro é que, se tivemos que escutar a Ánsar dizer que falava catalão na indimidade, e agora à hipócrita Ghloria Lagho dizer que fala galego na sua casa (com gheada, seguro), quem diz que Bolt não fale português com sotaque lisboeta, eh??

domingo, 23 de agosto de 2009

COMO DIRIGIMOS...

Não vai ser tudo política e economia neste blog, que bastante temos já com investir o dinheiro do Audi de Touriño em pesquisinhas, galinhas azuis e subvenções ao Opus Dei em lugar de em reduzir o desemprego... um pouquinho de humor, por favor!!

Aqui têm um vídeo do Senhor Paco, o grande
Carlos Blanco, em um dos seus bate-papos no programa da TVG "Somos uma potência":




E é atrevido o homem: como dirigimos em Galiza... e também em Portugal!

(Sobre o "Señor Paco": A respiración de Carlos Blanco, em El Pais)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

GO TO SPAIN!!

Uma visita obrigada na cidade mais bela do mundo (isto é, Lisboa) é subir ao Castelo de São Jorge. Sua cêntrica localização na colina mais alta do centro da cidade permite ao turista contemplar as melhores vistas dos principais bairros: Rossí], Chiado, Alfama, as pontes sobre o Tejo... Entre outras postais, algo semelhante a isto:

Lisboa dende o Castelo de São Jorge. Fonte: propria.

Mais também, aqueles que se fixem na sua subida a pé ó outeiro poderão ver que nos muros dentre as casas que vocês encontrarão em chegando ao Castelo figura esta pintada:

Tourists: Respect the portuguese silence or go to Spain!
(turistas: respeitem o silêncio português ou ir-vos à Espanha
!)


É por isso que, aqueles que conhecemos a história de Portugal e de como a nação portuguesa nasceu e se consolidou por oposição à Espanha, não nos surpreendemos que os resultados daquela pesquisinha publicada há umas semanas (sim, aquela que dizia que 40% dos portugueses veriam bem federar-se com a Espanha), que tanta propaganda se lhe deu nos meios espanhóis, tinha tido tão pouco interesse nos portugueses, e quando se fazia era para fazer constar que era uma piada uma pesquisa feita com 800 entrevistas telefônicas.


Ai Lisboa!! Quantas coisas é preciso contar de ti!! Tempo haverá de fazê-lo...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

DUAS GRÁFICAS DE UMA RECUPERAÇAO

Um breve apontamento econômico sobre os recentes dados publicados sobre a "saída da crise" de algumas economias ocidentais. A gráfica a continuação amostra a taxa trimestral de crescimento do PIB de algumas destas economias nos últimos 8 trimestres (2 anos):



Costuma ser essa a gráfica que publicam os periódicos, já que é a que reflete maior "sensação" de recuperação das economias. Mas esta é a evolução do PIB dessas mesmas economias no mesmo período de tempo:



As duas gráficas representam o mesmo feito, mas as sensações que transmitem são bem diferentes. No primeiro caso, amostra que voltamos a taxas positivas (ou menos negativas na Espanha e USA) de crescimento, mas a segunda gráfica lembranos "desde que nível estamos começando a crescer". O efeito da crise levou às economias a retroceder vários anos de progresso econômico, e agora toca começar a recuperar desde aí.

A terminologia -que para que todo o mundo fale nos mesmos termos estipula como recessão dois ou mais trimestres consecutivos com taxas de crescimento negativo- permite que esta semana todos os titulares falem do "fim da recessão" na Alemanha, a França ou o Japão. Mas isso não quer dizer que voltassem os tempos felizes. Isto é como a equipe que leva 4 jornadas seguidas perdendo, e ganha o quinto partido. Uma coisa é alegrar-se pela vitória, outra dizer que "a liga está ganha".

As boas notícias são 1.- que as políticas fiscais expansivas (essas que criticam os neoliberais, causadoras das políticas que nos levaram à crise atual) levadas a cabo por todos os governos -inclusive os de direitas- conseguiram atalhar a queda livre na qual se encontravam as economias ocidentais. E 2.- que a "economia é psicologia", e o freio dessas caídas assim como os titulares de imprensa, mais ou menos realistas, deveriam ajudar à tomada de confiança de investidores e consumidores.

Mas esta é uma crises de demanda, e como tal a recuperação virá quando se recupere esta. Por enquanto os dados mostram mais bem o efeito das fortes investimentos dos Estados para atalhar a hemorragia, a estabilização do comércio internacional tra-la autêntica hecatombe dos últimos meses -com contrações de dois dígitos jamais vistas nas últimas décadas-, assim como o "efeito inventário" na produção que já apontava há meses, muito antes de conhecer-se os dados atuais, o nobel Paul Krugman. Por último, também não mostram os dados a certeza que as economias se recuperarão "em V", como parecem descontar os mercados financeiros.

Por isso, as últimas notícias devem ser tomadas com otimismo (se atalhou o fantasma da depressão econômica, e possivelmente também o da deflação), mas não com euforia desmedida: fica muito caminho por andar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

AS MENTIRAS DE FEIJOO

Esta vez, o artigo da semana não é um artigo, mas uma nova página na internet. Um meio de comunicação do qual me quero fazer eco porque estamos ante um dos melhores -mas o melhor- que li nunca e que seguro dará que falar.


http://feijoomente.blogaliza.org/

Meio nascido o mês passado de xunho "cunha vocación de crítica política, pero sobre todo cunha vontade de realizar un servizo público, na medida en que pretende servir de espazo para a denuncia dos incumprimentos programáticos de quen ostenta a máxima responsabilidade institucional galega" e que com o tempo, não sabemos se só pelos seus próprios meios ou graças também na colaboração de gente muito bem documentada, se estão revelando como uma das fontes de informação mais confiáveis e reveladoras do País.

O seu artigo do 10 de agosto é um resumo de suas primícias. Assinalam que na Xunta já estam nervosos pela capacidade desta gente, que já foram quem de fazer retificar à mesma Xunta e seu alto-falante La Coz de Fachicia, quando após publicar que "ficava derrogado o Decreto Eólico", Feijoomente assinalava que "As leis só entram em vigor uma vez aprovadas pelo Parlamento e publicadas integralmente no DOG (não no Diário Oficial de Santiago Rey)". Um dia depois La Coz de Fachicia, La Coz de Fachicia retificava em fachada, e no dia seguinte a Xunta pendurava uma simples minuta do anteprojeto para tentar de dar-lhe credibilidade à suposta derrogação.

E é que este novo meio de comunicação na internet, com mais de 5.000 assinados em pouco mais de 2 meses, está chamado a ter muito que dizer no terreno jornalístico e político nos próximos anos. Que assim seja. Parabéns e muito ânimo!!

domingo, 16 de agosto de 2009

EU SON...

Balbino.

Un rapaz da aldea. Coma quen dis, un ninguén. E ademáis, probe. Porque da aldea tamén é Manolito, e non hai quen lle tusa, a pesares do que lle aconteceu por causa miña.

No vrao ando descalzo. O pó quente dos camiños faime alancar. Magóanme as areas e nunca falta unha brocha pra espetárseme nos pés. Érgome con noite pecha, ás dúas ou tres da mañán, pra ir co gando, restrevar ou xuntar monllos. Cando amañece xa me doi o lombo e as pernas. Pero o día comeza. Sede, sol, moxardos.

No inverno, frío. Ganas de estar arreo ó pé do lume. Muíños apeados. Faladurías de neves e lobos. Os brazos son como espeteiras pra encolgar farrapos. Murnas, fridas, dedos sin tentos.

¡Qué saben desto os nenos da vila!

Memorias dun neno labrego. Xosé Neira Vilas.


Neira Vilas não só é responsável de ter escrito o livro mais vendido em galego. Para cada um dos que lemos sua pequena jóia representa uma história de amor a nossa língua e a nossa terra. A minha: àquele garoto de 12 anos -que seria o que tinha eu daquela-, que nasceu e cresceu no ambiente urbano e castelhano-falante de Pontevedra e educado em castelhano "como Dios manda", mas que conhecia o mundo rural em primeira pessoa porque quase toda minha família é de uma aldeia de Vimianzo, descobrir-lhe os desejos de um garoto de aldea, sentir-se digno dele e de seu mundo, do campo e de sua fala, nossa fala.

E aprendi o "Eu sou Balbino..." de cor (ainda hoje poderia recitar uma bom parte). E prometi-me que algum dia, quando tenha um cachorro que seja meu, chamará-se Pachín (dia que ainda não chegou, porque isto de viver em lacoru é o que tem, mas chegará), porque com o que chorei por ele bem o merecia. E comezé fazer o que nunca antes tinha feito: ler nossa literatura, começando por Castelao, que me encantava "Um olho de vidro", e muitos outros. Balbino fez de mim, em resumo, um garoto que ama a sua língua e sua terra.

E hoje quando folheio o "Memórias...", o mesmo exemplar que lia de garoto, encontro na primeira página esta dedicatória:


Xosé Neira Vilas, 10-2-93


O certo é que, fazendo memória, opino que não foi a mim, mas a meu irmão pra quem o assinou, mas... que mais dá!!

Seguro que se você leu alguma vez, agora você está pensando em voltar a lê-lo mais uma vez. Eu já o estou fazendo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS

Hoje sexta-feira 14 de agosto se estreia nos cinemas galegos "O ano em que meus pais sairam de férias", filme brasileiro do ano 2006, que chega com 3 anos de atraso a nossas salas avalizado por ser o filme nominado pelo Brasil para competir aos Oscars de Hollywood, e por estar produzido pelo diretor do último filme brasileiro ganhador do galardão, Fernando Meirelles por Cidade de Deus.

Cartel de "O ano em que meus pais sairam de Férias".
Fonte: www.elmulticine.com

Filme que já veremos quanto tempo fica em cartaz, porque a pergunta "em que língua se emitirá em Galiza" acho que o cartaz não deixa lugar a dúvidas. E é que sinceramente, não encontro mais explicação que a estupidez de uns quantos para que os filmes brasileiros e portuguesas se estreiem em nosso país... en perfecto castejuanito.

Se lhe interessa vê-la não deixe passar muito tempo, já que provavelmente não dure muito, a não ser que ganhe o Oscar, em cujo caso voltarão a colocá-la um par de meses mais, como costuma fazer-se com os filmes sem puxão comercial. Máis informação em
www.sefuerondevacaciones.es

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

LA CORUÑA DE TODA LA VIDA, EN SETEMBRO

Visto o sucesso do artigo, o mais votado na pesquisa deste mês, e visto por outro lado que em agosto baixa a conexão a internet que do gosto (o blog agüentou com honra a primeira semana, mas este fim de semana já se notou a abaixada), adiamos o capítulo IV da série "La Coruña de toda a vida", onde falaremos da reinstalação do Reino de Galiza no 1296.

Até então, e como não lhes queremos deixar sem blog no verão a um par de meses de começa-lo], publicaremos temáticas mais leves. Que as vocês desfrutem.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

AL CÉSAR LO QUE ES DEL CÉSAR

Uma ideia que tentarei seguir doravante será iniciar a semana com um artigo de imprensa ao meu perceber o mais representativo ou interessante da semana anterior.

Assim, esta semana a notícia selecionada é a seguinte:

A XUNTA DEROGA O DECRETO EÓLICO.


É preciso reconhecê-lo. Os do pepé são mais rápidos que ninguém Al César lo que es del César:

Agarimos pre-coitales entre Ignacio Galán e Alberto Feijóo.
Fonte: www.iberdrola.es


Se quer deixar algo feito, deixe-o atado e bem atado. Olhe o que fez o pepé com o Gaiás: bilhões jogados ao lixo, mas aí o temos, à vista de todos, a ver quem é o bonito agora que o tira abaixo. E assim durante quatro anos foi uma dor de cabeça para psoe-bng sem fim.

Por outro lado, para resolver o decreto eólico se esperou até às portas da pre campanha eleitoral, por tanto hoje o pepé só tem que dizer que a repartição é papel molhado porque, certamente, dos futuros parques eólicos o único palpável que há a dia de hoje é a lei aprovada. Mais nada.

Assim, agora os "defensores do tecido produtivo galego", essa gente tão atenta que vende um audi para comprar um citroën francês e assim poder dizer que "haremos lo que haga falta por la industria gallega", podem derrubar a maior repartição de riqueza às empresas galegas que se tem feito na história de nosso País, e devolver-lhe a palmadinha na costas que lhe dá na foto o presidente de Iberdrola a Albertito como se merece.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

NEGA DO CABELO DURO

A Bossa nova nasceu como um modo de tocar o samba de um modo pausado, que pudera ser cantado e acompanhado à guitarra, e interpretado em locais fechados. Nascida à finais da década dos 50, em seguida incorporou elementos da mundialmente dominante cultura americana, principalmente do jazz.

Muitos são os grandes nomes associados à Bossa: Tom Jobim, João Gilberto, Astrud Gilberto, Vinicius de Moraes, Toquinho, Stan Getz... dos que veremos de ir escutando coisinhas. Mas hoje vamos falar da segunda geração da Bossa, nascida em meados dos anos 60s, englobada na MPB (música popular brasileira, mais lonje do jazz que na primeira etapa), na que entram muitos dos artistas do Movimento Tropicalista: Caetano Veloso, Rapaz Buarque, Gilberto Gil ou Elis Regina.

E asi, sirva hoje um dos meus temas favoritos -uma duplo versão de Elis Regina- como exemplo do que constituíram a Bossa e o MPB.

Elis Regina: Aquarela do Brasil - Nega do cabelo duro




(se algum desorientado não tem muito ouvido, aí lhes vai a letra)

E suas respectivas versões originais. A primeira, Aquarela do Brasil, é um dos temas populares brasileiros mais interpretados de todos os tempos, composta em 1939 por Ary Barroso.



A segunda parte é Nega do Cabelo Duro, tema que depois que muito investigar conseguim encontrar sua origem: um tema composto para o carnaval do ano 1942 por Rubens Soares e David Nasser, e popularizada pelos Anjos do Inferno. Não há quem encontre o original em nenhum lugar (se algum leitor o encontra, favor que o compartilhe com todos!!), mais serva como mostra a versão de Walter Wanderley que podem escutar nesta página, e que faz idéia do ritmo mais acelerado que a interpretação de Elis.

Com ambos temas e a versão de Elis podem fazer à idéia de como os artistas brasileiros dos anos 50s-60s transformaram o samba em música mais ligeira, bossa e MPB, com repercusão no mundo inteiro.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

LENDAS: SANTA COMPAÑA E MOURA ENCANTADA

Vamos passar página com a política... Principiamos uma nova temática mais amena para ir conhecendo cousinhas de vagar: lendas.

A morte é uma temática presente na origem de muitas lendas da humanidade. O medo a morte, o alem, as ánimas em pena neste mundo, as religiões e as crenças, etc. todos esses elementos interrelacionam-se para dar as mais diversas mitologías nas diferente culturas. E nas culturas galego e portuguesa, o medo à morte traduz-se nas suas lendas mais populares: A Santa Companha e a Moura Encantada.


A Santa Companha é uma procissão de ánimas em pena e constitui uma das figuras mais reconhecidas das tradições galegas. Em calqueira caso, as versões que dela aparecem são variadas ao comprido da nossa geografia. Explica Vitor Vaqueiro na sua "Guía da Galiza Máxica" os aspectos múltiples:

Em quanto as interpretações, bem as ánimas que a compõem vêm do purgatorio e portanto não morreram em pecado mortal, ou bem a Companha é a comitiva de todos os devanceiros daquele que vai morrer e a quem a Visão vai visitar. Sobre a apariencia há ainda mais versões: desde quem vê nas ánimas uma ordem hierárquica, encabeçada por quem leva mais tempo soterrado, ou que vai encabeçado por um vivo; quem diz que a procissão discorre em silêncio, que vai acompanhada do são de uma campaínha, ou bem entoando ladaínhas envolta em poderosas luzes de tocha acesos; quem considera que os vivos podem chegar a ver o séquito nocturno, ou quem considera que só se podem sentir pelo cheiro a cera ou simplesmente como uma presença -aspecto este último que emparenta com outra procissão, a das Xans, das que falaremos num intre. E outros aspectos são as horas de aparecimento, cómo evitar ser atrapado pela comitiva, as diferentes razões pelas que a Companha pode ir trás de um vivo, o modo de ficar atrapado, etc.

Assim, não extraña que o nome que receba a Santa Companha seja múltiplo nas diferentes vilas: Estadea (nome que emparenta com as tradições centro-européias), Antaruxada, As da noite, Hoste, Hostilla, Tela, Procissão das ánimas, Visão, Visita, etc.

Um dos nomes que recebe é também o das Xans ou Sociedade o Óso. Mais em muitos lugares diferencianse da primeira em que os membros das Xans não são morridos, senon vivos, que marcham numa procissão nocturna em duas filas levando um cadaleito. Esta figura emparenta com as xanas em Astúrias, e as lendas da Moura Encantada em Portugal, já que lhes considera Cavaleiros de Diana.

Moura Encantada. Fonte: www.revistadadanca.com/node/91


As xanas representam às ninfas das fontes, formosas de cabelo louro que pentean com pentes de ouro às beiras do rio. Parece contrastado que a palavra deriva de Diana, deusa da mitoloxía clássica que na Idade Meia se tinha por rainha das bruxas, que desenterraban os mortos e utilizavam os ossos como flautas no aquelarre, emparentando aqui com as Sociedades dos Ósos das que falávamos antes.

Em Portugal, esta figura mística derivou na Moura Encantada: principal figura no imaxinario português que se repete em múltiplas vilas da sua geografia (já que ganha relevancia que o avanço da reconquista), são "as almas de donzelas que foram deixadas a guardar os tesouros que os mouros encantados esconderam antes de partirem para a mourama. Aparecem frequentemente cantando e penteando os seus longos cabelos, louros como o ouro ou negros como a noite, com um pente de ouro, e prometem tesouros a quem as libertar do encanto", como as Xanas asturianas.

Chama poderosamente o atendimento que se considera que a palavra "moura" pode derivar de outras línguas prerromanas com os significados "destino", "morte" ou "espírito" (do grego e línguas celtas), sendo finalmente aplicada na mitología portuguesa às donzelas "mouras" durante a Reconquista.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

INSUPORTÁVEL

Sínto-o. Tinha intenção de politizar ao mínimo este blog. Tinha intenção de falar esta semana da Santa Compaña e a Moura Encantada; do Rio de Janeiro; da bossa Nova de Elis Regina, das contas (que não me saem) do Banco Pastor...

Mas é que não o suporto mais.

A guerra aberta que está a declarar (língua, nacionalismo, meio ambiente, economia...) o dê-governo de Feijóo que o apoio midiático e ideológico de La Coz é insuportável.

- Uma pesquisa-pretexto para terminar com a recuperação da língua, pesquisa sossegada abertamente à participação dos colégios privados (de papá, o sea, muy galleguistas ellos). Pesquisa com 58% de participação que querem fazer-nos crer que é "alta" porque em umas eleições seria um registro aceitável, quando em eleições o voto é VOLUNTÁRIO, enquanto a inscrição de um filho no colégio é algo que você tem que fazer SIM OU SIM, e 42% dos que o fizeram em junho escolheram usar a folha da pesquisa para limpar-se o cu com ela.

- Nacionalismo: empregando o alto-falante de La Coz para difamar dia sim e dia também ao bng e o galeguismo do psoe; insultando à memória de Castelao dizendo que afirmava "a Galícia é uma região" e que estão de acordo co seu discurso "ao 90 ou 100%". O mesmo Castelao que disse "qué diríamos se o Estado destrói o Pórtico da Glória? Pois nossa língua é um patrimônio 1.000 vezes máis importante que a obra do Mestre Mateo". E os mesmos que atacam a língua e que dizem que "el gallego es historia" (o que se di nese artigo é digno do Partido Nazi) lhe levam flores o 25-X.

- Meio ambiente: "Cabo Touriñán bem vale um posto de trabalho". Seu discurso populista é tão vergonhoso que não têm problema em utilizar a principal preocupação da gente (o desemprego) para justificar a destruição de nosso litoral em benefício de seus amigos (íntimos) de Pescanova.

- E se de Economia falamos, ja não falo nem do Audi, nem das cadeiras, nem do custo da puta pesquisa que superava o do Audi amplamente... Vou diretamente ao miolo do assunto: Sem Fenosa, Fadesa, Auto-estradas-do-Atlântico... agora assistimos tolos à confirmação que CajaMadrid e CaixaGalicia están a negociar a súa integración -da qual já sabemos quem vai sair perdendo-, e o governo galego diz "não ter uma posição ao respeito" (Feijóo dixit).

No tema das caixas joga em favor que o dê-governo procura ante toda medidas populistas, e os galegos se oporiam a esta fusão quase na sua totalidade. Mas como para fiar-se da raposa guardando as galinhas. Isto tem toda a pinta de ir caminho de terminar muito muito mal. Acham que uma vitória, que por inesperada não foi menos mínima (uma cadeira por um triz), lhes dá direito a fazer conosco, com nossa língua, nossa cultura, nossa terra e nossa economia, o que lhes dá a ganha. É preciso parar-lhes os pés antes que seja muito demore!! O Prestige foi uma piada comparado que a que está tramando, à vista de todos e impunemente, a direita espanhola. Se então toda Galiza saiu às ruas, esta vez não podemos ficar quietos. É preciso sair às ruas. É preciso parar este dê-governo. É preciso convocar uma greve geral, o que seja, COM O APOIO DE TODOS, psoe, bng e todos os partidos, sindicatos, organizações, é preciso pará-los JÁ!!.

domingo, 2 de agosto de 2009

GRANDOLA VILA MORENA

Tal día coma hoje nasceu há 80 anos José Afonso (Zeca Afonso), autor do meu tema favorito em portugués (e aposto a que não sou o único), e hino da Revoluçao dos Cravos.

Hoje pretendia publicar só um post breve (já falaremos da Revolução no próximo dia 25 de Abril) para que vocês desfrutem do tema, mas lendo a cronoloxía da vida de Afonso encontrei-me com um dado que desconhecia: Grândola Vila Morena foi interpretada pela primeira vez em público na Galiza, em Santiago de Compostela, no dia 10 de maio de 1972, dois anos antes da Revolução. Além disso, o cantor de Aveiro esteve muito relacionado com a Galiza e atuou em muitas ocasiões ali ao longo de sua vida.

Vocês podem ler mais sobre Zeca nos seguintes enlaces:
http://www.blogoteca.com/desons/index.php?cod=151 (esta especialmente muito recomendável, onde recolhem múltiplos versões do tema) e também em http://www.ghastaspista.com/historia/gz-afonso.php onde dão informação sobre as visitas à Galícia do autor finado no 87.





Deixamos a continuação também a letra do tema, para que vocês possam comprovar as insuperáveis diferenças entre galego e português:

Grândola, vila morena, Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena Terra da fraternidade
Terra da fraternidade Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira Que já não sabia a idade